A CULTURA CLÁSSICA E A CULTURA POPULAR NA EUROPA MEDIEVAL


A cultura clássica e a cultura popular na Europa medieval

O conceito de cultura é extremamente complexo e sofreu variadas mudanças ao longo da História. Já foi utilizado em referência à arte, à literatura e à música.
Hoje esse conceito ´e mais abrangente e suado por muitos antropólogos, sociólogos e historiadores para referir-se a tudo que pode ser apreendido em uma determinada sociedade – como beber, comer, andar, falar, silenciar e assim por diante. O que se costumava considerar garantido, óbvio, “normal” ou “senso comum”, agora é visto como algo que varia de sociedade a sociedade e muda de um século a outro, que é “construído” socialmente.
Trinta anos atrás era muito difícil imaginar os baianos fazendo fila nos supermercados para comprar as bandejas de Sushi, a tradicional iguaria japonesa, ou mesmo degustar com muito gosto uma mistura de comida salgada com molho agredoce. Isso sem falar que essas tradicionais comidas orientais já disputam espaço nos bufetts das nossas churrasacaria. Aliás, não vamos esquecer que churras é uma típica comida dos pampas.
As sociedades medievais foram profundamente marcadas pela religiosidade cristã e viam o mundo através dos ensinamentos religiosos. Basta lembrarmos as igrejas, as estátuas, os quadros e a produção literária-religiosa.

Apesar disso, as tradições pagãs mantiveram-se bem vivas, com suas tradições pagãs, suas magias, adivinhações e festividades profanas.
 Pelo que já vimos até agora, voce já percebeu que toda a cultura medieval era plena de religiosidade, pois a Igreja Católica criou, ao longo dos séculos , nas sociedades européias ocidentais, uma visão religiosa do mundo.
Essa visão religiosa marcava a chamada cultura erudita ou clássica, que teve na Igreja católica seu principal criador e representante. Isso é facilmente explicável quando lembramos que quase todos os intelectuais medievais eram homens da igreja, tanto secular quanto regular. Além disso, a educação escolar e a formação intelectual do europeu ocidental foi, por muitos séculos, um exclusividade quase total da Igreja.
Esses intelectuais escreviam em latim, a línguas dos eruditos. Foi nessa língua que a Bíblia foi traduzida e dela derivaram o português, o francês, o italiano e o castelhano. além disso, outros idiomas europeus usaram vocábulos latinos.
Todavia, para comprovar que as idéias não são exclusividade das classes dominantes, a sociedade medieval conseguiu manter a chamada cultura popular, cujas raízes estavam na grande massa camponesa, ao lado da erudita. Ao contrário dos membros do clero, tanto a nobreza quanto as camdas populares nã osabiam o latim e usavam a chamada língua vulgar, a língua comum, para o seu cotidiano.
CULTURA MEDIEVAL
Não poderíamos de forma alguma determinar onde, quando e como ocorreu a separação entre essas duas formas de cultura. O que podemos afirmar, porém é que nas sociedades tribais essa distinção não aparece. Todos participam dosmesmo mitos, cultos e rituais rligiosos, copartilhando os mesmos valores culturais.
Apesar de diferentes, essas duas culturas sempre se entrelaçaram, realizaram trocas de tal forma que em grande parte dos textos da literatruramedieval e pós-medieval encontramos inspirações de origem popular e vice-versa. Como disse o historiador Peter Burke:
“A fronteira entre as várias culturas do povo e as culturas das elites ( e estas eram tão variadas quanto aquelas) é vaga e por isso a tenção dos estudiosos do assunto deveria concentrar-se na interação e não na divisão entre elas.”
Em todos os períodos da história as camadas “inferiores’ da sociedade sofreram tentativas de dominação através das idéias “vindas de cima” com as quais os grupos dominantes procuravam doutriná-las. Aí talvez esteja a explicaçao para as sucessivas perseguições contra os grupos considerados heréticos, aos não cristãos, como os judeus, os ciganos e os muçulmanos, às bruxas e aos marginais da sociedade. Também aí podemos encontrar a explicação para a evangelização como a dos índios americanos e a dos africanos trazido à força para a América, cujas culturas foram satanizadas pelos padres. O discurso dos missionários era um discurso de evangelização universalista, desconhecia fronteiras e ignoravam as fronteiras dos “outros”. E nesse desconhecimento, os missionários ignoravam os indígenas e sua alteridade. O catolicismo que se instalou e ampliou nas Américas considerava o “outro” como marginal, nunca como alguém que tivesse marcas religiosas próprias que devessem ser respeitadas. Isso explica o quase fanatismo dos missionários na tentativa de extirpar dos indígenas qualquer sinal daquilo que era considerado como idolatria, barbárie, selvageria, diferente daquilo que era considerado como a “verdadeira fé”, a católica.
Por trás das ações repressivas contra as culturas “dos outros”, perbe-se com clareza as tentativas das classes dominantes de extinguir a cultura popular. No caso da sociedade feudal, essa cultura está presente nos mitos, lendas e canções, contos populares, no teatro profano, nos folhetos de cordel e livros de baladas, nas festas populares ou não, nas canções dos estudantes universitários.
Entre esses estudantes medievais podemos citar os Goliardos, que eram estudantese poetas nômades que se divertiam, compondo e cantando versos de celebração dos prazeres da bebida, do jogo, dos desejos, do amor, da vida despreocupada. A Igreja Católica os considerava libertinos porque eles ridicularizavam o que ela julgava sagrado, como o cxredo, a missa, os evangelhos.
Uma das mais populares festas do nordeste brasileiro é o São João, principalmente na Bahia e na Paraíba. Essa festa origina-se na antiguidade, era uma tradição pré-cristã. Adotado pela Igreja Católica, essa festa incluia a montagem de fogueiras, em torno das quais se dançava, cantava e pulava, banhos nos rios, pois a água e o fogo simbolizxavam a purificação. Não esqueçamos que na tradição cristã Jesus Cristo foi batizado nas águas do rio Jordão por São João Batista. É também da idade Média o ritual das adivinhações, quando as moças procuravam descobrir se casariam logo e as pessoas tentavam prever se as colheiras seriam boas.
A mais expressiva representação da cultura medieval era o carnaval. Tão popular como na atualidade, era a festa mais popular da sociedade. Era uma festa na qual as massas populares mostram uma visão de mundo absolutamente contrària àquela das classes dominantes. Os valores impostos eram invertidos, e os prazeres considerados profanos pela Igreja, eram exaltados. A luxúria e a gula eram, dos sete pecados capitais, os mais exaltados. A exposição da sensualidade era feita sem disfarce, mostrando-se símbolos sexuais ou, às v ezes, o proprio sexo.

REI MOMO
A festa era presdido por um homem gordo, muito semelhante aos nosso rei Momo atual e durante a festa comiam-se alimentos gordurosos, como carne de porco e bebia-se sem limites, o que geralmente terminava em violência. Como voce pode ver, nenhuma diferença com a festa na atualidade.
Além da grande massa popular, nobres, burgueses, e até mesmo alguns padres e freiras, participavam dessa festa coletiva, demonstrando novamente a participação das classes dominantes em criações culturais das classes dominadas.

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