A História dos Games


A História dos Games: A 

Origem (1942-1961)


por Pedro Zambon | :: Friday, July 8th, 2011
Começa hoje um projeto ambicioso por parte deste humilde autor do Gameshow. A ideia é, nas férias, conseguir trazer ao leitor a história do nosso hobby predileto: os games. No entanto, muito antes dos gráficos 3D, dos sensores de movimento ou até mesmo das cores, os games passaram por um período romântico – para não dizer nostálgico – de descoberta e experimentação que nos remete aos pioneiros da corrida espacial ou outras grandes conquistas da humanidade. Como nelas, os videogames sofreram altos e baixos, permearam fracassos e sucessos, depressões e revoluções. Mas antes de chegar nelas, precisamos voltar até onde tudo começou.
Assim como é impossível contar a história dos ônibus espaciais sem explicar quem inventou os primeiros mísseis de propulsão à jato, na história dos games é preciso retornar até muito antes que o primeiro ponto do PONG fosse marcado.
Tudo começou, pelo incrível que pareça, com base em um jogo ancestral, datado da china medieval, cujas primeiras referências europeias são remetidas ao século 16. Jogado sob vários nomes diferentes, sua denominação mais popular surgiu em 1901, com a teorização do jogo por Charles L. Bouton. Estamos falando do Nim, uma espécie de resta um onde os adversários possuem uma certa quantidade de peças divididas em alguns montes em campo e, retirando quantas peças quiser por rodada de algum desses montes, perde aquele que retirar a última peça. Mas afinal, o que tem a ver o mundo dos games digitais com um jogo de raciocínio ancestral?
Tudo começou em 1942.
O NIM de Reymound Redheffer (1942)
Foi em um dos laboratórios do MIT – e onde mais poderia ser? – onde um jovem matemático de apenas 21 anos desenvolvia uma máquina que automatizaria o ancestral jogo chinês em uma versão eletrônica. Assim surge aquele que é considerado o primeiro jogo eletrônico da história. Ele demonstrou sua criação detalhadamente em um artigo publicado 6 anos depois, em 1948, mostrando-a publicamente apenas em 1978. No vídeo abaixo vocês podem conferir uma reprodução da máquina.
NIMROD (1951)
Mas o jogo de raciocínio Nim não parou por aí na hora de inspirar jogos eletrônicos. A segunda versão eletrônica do jogo veio pelas mãos da empresa britânica de engenharia elétrica Ferranti. Não há indícios que tenha havido comunicação entre Redheffer e os produtores dessa nova versão, que foi exibida pela primeira vez em 1951 na exposição de ciências do Festival of Britain. Mais sofisticado que a máquina de Redheffer, o NIMROD é considerado, de fato, o primeiro computador desenvolvido exclusivamente para um jogo. No vídeo abaixo vocês podem conferir uma emulação  do game, desenvolvida para rodar no sistema operacional Haiku ou BeOS.
OXO: O Jogo da Velha eletrônico (1952)
Foi no ano de 1952 que outro jogo de raciocínio antigo se tornou base para uma versão eletrônica. Era a vez do Jogo da Velha (em inglês, tic-tac-toe) que  Alexander S. Douglas transformou, nos laboratórios da Universidade de Cambridge, no primeiro jogo de computador com uso de interface gráfica digital. Conhecido como OXO ou Noughts and Crosses, ele usava como controlador um discador de telefone analógico. Abaixo uma simulação do game, desenvolvido para funcionar no ancestral computadorEDSAC.
Precursor do Pong: Tennis for Two (1958)
Desenvolvido em 1958 pelo físico William Higinbotham, surge um jogo de computador interativo criado para promover a energia atômica no evento anual do Brookhaven National Laboratory – que é um laboratório federal americano que lida com pesquisas energéticas, dentre outras coisas.  O game usa como base um computador analógico que projeta imagens vetoriais em um osciloscópio, gerando assim uma versão eletrônica de um jogo de tênis. O mesmo conceito, aplicado de maneira diferente, criou o popular arcade de tênis eletrônico Pong, ícone a primeira geração de consoles (que veremos no próximo artigo da série). Veja abaixo uma réplica do jogo em funcionamento.
Spacewar! (1961)
O último dos jogos precursores foi testado pela primeira vez e de novo! nos laboratórios do MIT em julho de 1961, desenvolvido por Steve Russell e uma equipe de outros quatro colegas. Para fazer o jogo, eles tinham em mãos uma das mais avançadas máquinas para a época, o DEC PDP-1, que, diferentemente dos computadores à válvula, era constituído por transmissores e dotado de uma tela (pois é, nem tela a maioria dos computadores tinha). Isso possibilitou a execução de um desafio pioneiro: transpor a ficção científica da literatura e do cinema para outra mídia completamente inexplorada.
Os jovens então criaram um jogo onde duas naves competiam em volta de uma estrela que gera um campo gravitacional. A ideia era destruir a nave adversária, tomando cuidado para não cair no buraco negro do centro, usando a inércia e, eventualmente, usando o botão de pânico para emergências: a tecla Hiper-Espaço. Com o tamanho de apenas 2KB, o jogo não teve apelo comercial em uma época em que era impossível ter um computador desses. Mas a ideia de Russell deu base para uma infinidade de jogos do gênero.
Pra jogar uma emulação do Spacewar clique aqui.
Na próxima parte…
Termina aqui a primeira parte da saga dos games. Vamos, em seguida, falar da primeira geração de consoles, começando pelo Odyssey Magnavox, desenvolvido por Ralph Baer, até o surgimento dos microprocessadores, que inauguraram a segunda geração de consoles.

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