HISTÓRIA DOS MAPAS

HISTÓRIA DOS MAPAS

Atualmente, são os turistas quem mais utilizam os mapas nas suas viagens aos locais que desconhecem.

Mas será que a função do mapa é somente para servir de guia turístico? Obviamente que não.

Um mapa é o plano onde se descrevem os fenómenos naturais e da humanidade. Esses fenómenos são representados por sinais específicos, de acordo com os princípios da cartografia. Os mapas modernos são directos, sintéticos e precisos. Através deles, pode-se ter uma imagem geral sobre uma configuração geográfica e obter-se dados matemáticos. 

A origem do mapa remonta a 4500 anos. Os desenhos traçados em diferentes materiais sobre fenómenos ambientais são registos de primordial importância para a humanidade. Os materiais utilizados na concepção dos mapas são a cerâmica, o papel, o bronze, as cascas de côco, a pedra, a pele dos animais, etc. O mapa mais antigo do mundo foi elaborado num pedaço de cerâmica produzido pelos babilónios entre os Séculos XXV e XXIII A.C. 

Diz-se que foram inscritos desenhos de montanhas e água, árvores e plantas, aves e animais na superfície dos nove trípodes fundidos durante a Dinastia Xia (entre os Séculos XXI e XVI A.C.. Embora este facto não esteja provado, estamos convictos de que durante a Dinastia Xia ou ainda mais cedo, já tinham surgido na China alguns mapas toscos. 

Segundo o “Shang Shu Luo Hao”, no início da Dinastia Xi Zhou (Século XI A.C.), durante o acto de apresentação do projecto da cidade de Lo Yang, Zhou Gong ofereceu ao imperador alguns mapas e relatou-lhe também as conclusões do adivinho. Para reforçar esta convicção, também há descrições no “Zhou Guan (Hierarquia de Zhou)”, uma compilação da Era dos Estados Combatentes (Zhan Guo), segundo as quais os Da Si Tu e Zhi Fang Si (títulos) são os responsáveis pela cartografia. 

O mais antigo mapa descoberto na China chama-se “Zhao Yu Tu”, da Era dos Estados Combatentes (Zhan Guo) e corresponde a uma planta de arquitectura dos túmulos do Zhong Shan Wang Yu, (Rei de Zhong Shan), e da rainha, sua esposa, produzido em Zhong Shan Wang Yu no Ano 5 -13 (Ano 323 a 315 A.C.). 

Paralelamente, no outro lado do mundo, Eratosthenes de Cyrene (276-194 A.C.), geógrafo e astrólogo da antiga Grécia, também chamado o pai da Geografia, descobriu o princípio da Matemática e da Física. Com base na teoria de Aristóteles (384-322 A.C.), ele demonstrou que o globo terrestre era mais oval que redondo. Ele também calculou o perímetro terrestre e encontrou 39600 Km, com um erro de apenas 200 km. Este dado constitui o elemento essencial para desenhar minuciosamente o mapa- múndi. O mapa-múndi que se encontra na “Geografia, Volume III”, uma obra do talentoso Eratosthenes, foi o primeiro que se elaborou com relativa precisão, e foi desenhado com a projecção dos cilindros ( altitude e latitude ).

Depois de fazer uma análise comparativa sobre o subir e o descer das marés, Eratosthenes julgou que os Oceanos Atlântico e Índico estavam ligados, o que significava que os navegadores podiam contornar a África e chegar ao Oriente por via marítima. Nos finais do Século XV, Vasco da Gama (1469-1524), navegador português, tendo acreditado nesta linha de raciocínio, completou, com sucesso, a ligação marítima entre Portugal e a Índia dando início à Época dos Grandes Descobrimentos.

Em 1973, foram desenterrados do Túmulo n.º 3 da Dynastia Han, em Chang Sha, Hu Nan, três mapas em seda, nomeadamente, a “Configuração da Terra”, o “Mapa de Guarnição” e o “Mapa de Quinta”. Estes objectos provaram que as técnicas de cartografia durante a Dinastia Xi Han já tinham atingido um nível bastante elevado. 

Pei Xiu, Cartógrafo de Xi Jin (224-271), fazendo um resumo das experiências dos antigos cartógrafos, apresentou os chamados seis princípios da cartografia, nomeadamente, a Escala, a Direcção, o Caminho, o “Gao Xia”, o “Fang Xie” e o “Yu Zhi”. Os últimos três são princípios da distância segundo uma linha recta. Mesmo hoje, a escala, a direcção e a distância ainda constituem três elementos fundamentais da Cartografia moderna. 

Os artigos desenterrados do túmulo Ma Wang Dui provaram que em Xi Han (ou ainda mais cedo), a China já dominava e fazia uso de avançadas técnicas de medição. Com os “seis princípios”, foi afirmado, pela primeira vez, a importância da escala e da direcção. Os mapas antigos descobertos nas Dinastias Ming e Qing possuiam uma grande componente artística. Eram mais artísticos que objectivos. Segundo Pei Xiu, na cartografia devia-se aplicar o método de “Ji Li Hua Fang” (ou seja, o de traçar quadradinhos no plano) para atingir a precisão física. A falta de crença no Globo Terrestre e que a Terra era redonda foi motivo impeditivo do desenvolvimento científico, na área da cartografia, na China, pois que se julgava que o mundo era completamente plano. Na Dinastia Ming, a quantidade e o tipo de mapas multiplicaram-se e embora tivessem chegado à China as teorias cartográficas mais científicas do Ocidente no ano 1573-1619 (Ano Wan Li), os pensamentos tradicionais dos chineses na alte altura eram demasiado radicais para as aceitar. 

Há livros da Dynastia Xian Qing, com capítulos sobre mapas, onde se conclui que a criação e o desenvolvimento da cartografia surgiram por necessidade militar e política. No “Guan Zi – Mapa”, a primeira obra específica sobre a cartografia, o autor achou que “ todos os comandantes devem consultar os mapas antes de concretizarem um projecto militar”, a fim de conhecer a topografia, nomeadamente, a localização, a configuração e a superfície de montanhas, vales, rios, montes, colinas, florestas, bosques, estepes, caminhos, cidades, etc.. Nesse livro, o autor definiu as características e realçou a importância dos mapas nas acções militares. 

Na Dinastia Zhou, apareceu a palavra “Ban Tu (território)” que correspondia a um registo habitacional e a um mapa (citado do “Zhou Li. Tian Guan”). Segundo o Han Fei (280-233 A.C.), o mapa faz parte do território. Ele referiu que se alguém oferecer um mapa nacional a um terceiro, isso poderia significar que lhe ia oferecer o terreno. A história da tentativa de assassínio (frustrada) levada a cabo por Jin Ke, no ano 227 A.C., teve como pretexto a oferta do mapa de Du Kang (lugares da província He Bei) do Estado Yan ao Imperador da dinastia Qing. Assim se explica a importância do mapa na área política e militar. Nas dinastias seguintes, o governo central pediu mapas de todas as províncias, a fim de reforçar a governação central e desenhar um mapa único de todo o país. É bastante interessante que o caracter chinês “Tu” (desenho ou mapa), se for um verbo, também significa “desejar”. No “Zhang Guo Ce. Qing Ce Si” (História da Era dos Estados Combatentes, Capítulo do Qing), está escrito que depois de se conquistar os estados de Han e Wei, segue-se o “Tu” (o desejo de ocupar todo o mundo). Através desta história também se explica a ligação permanente entre mapa e os políticos ambiciosos. 

A Revolução Industrial do Século XVII fomentou a economia na Europa. Desde logo, o mapa se tornou cada vez mais importante, porque se tornou num guia para a concretização de projectos, quer comerciais, quer militares, nomeadamente, no domínio da navegação e comercialização, no da expansão do poder e no da exploração de recursos. Também pelo mesmo motivo, apareceram, a partir desse século, vários mapas da China desenhados por estrangeiros. Este facto fez acelerar o processo de intercâmbio cultural entre o Oriente e o Ocidente e fez mudar o entendimento dos chineses sobre o mundo. Se não conseguirmos acompanhar de perto o desenvolvimento da nova época, iremos pagar, sem dúvida nenhuma, um preço elevado e doloroso pelo atraso acumulado. 

Na verdade, vemos mais quando subimos mais alto. O mundo está, de facto, ao nosso alcance. Mapas de épocas diferentes contaram-nos a história e as mudanças do conhecimento humano sobre o mundo. Visitar a exposição dos mapas, é como que efectuar uma viagem no espaço e no tempo. O mapa não só desempenha o papel de guia numa viagem, mas também nos indica a direcção do futuro, cheio de desafios, que se quer brilhante.


Nenhum comentário:

Postar um comentário