EUROPA (PARTE 3)


Idade Contemporânea

[editar]Revoluções políticas

A tomada da Bastilha na Revolução Francesa em 1789.
A intervenção francesa na Guerra de Independência dos EUA levou o estado francês à falência.[43]Depois de diversas tentativas falhas de uma reforma financeira, Luís XVI foi forçado a reavivar aAssembleia dos Estados Gerais, um corpo representativo do país feito pelas três classes do estado: o clero, os nobres e o povo. Os membros dos Estados-Gerais reuniram-se no Palácio de Versalhes em maio de 1789, mas o debate e a forma de votação que seria usada criaram um impasse. Veio junho, e o terceiro estado, associado a membros dos dois outros estados, declarou-se uma Assembleia Nacional e prometeu não se dissolver até que França tivesse uma constituição e criasse, em julho, uma Assembleia Nacional Constituinte. No mesmo tempo, osparisienses revoltaram-se, celebremente derrubando a prisão da Bastilha em 14 de julho de1789.[43]
Nesse tempo, a assembleia criou uma monarquia constitucional, e nos dois anos que se passaram várias leis foram criadas como a Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão, a abolição do feudalismo e uma mudança fundamental das relações entre a França e Roma.[43] No início, o rei continuou no trono ao longo dessas mudanças e gozou de uma popularidade razoável com o povo, mas a anti-realeza crescia com o perigo de uma invasão estrangeira. Então o rei, sem poderes, decidiu fugir com a sua família, mas ele foi reconhecido de volta a Paris. Em 12 de janeiro de 1793, sendo condenada a sua traição, ele foi executado.
Em 20 de setembro de 1792, a convenção nacional aboliu a monarquia e declarou a França uma república.[43] Devido à iminência das guerras, a convenção nacional criou o Comitê de Salvação Pública controlado por Maximilien Robespierre do Partido dos Jacobinos, para atuar como executivo do país. Sob Robespierre o comitê iniciava o Reino do terror, no qual cerca de 40 000 pessoas foram executadas em Paris, na maioria nobres, apesar de, frequentemente, faltarem evidências. Por todo o país, insurreições contra-revolução foram brutalmente reprimidas. O regime foi posto abaixo no golpe de 9 Termidor (27 de Julho de 1794) e Robespierre foi executado. O regime que se seguiu acabou com o Terror e afrouxou a maioria das regras extremas de Robespierre.[43]
Batalha de Waterloo, onde Napoleão foi derrotado peloDuque de Wellington em 1815.
Napoleão Bonaparte foi o general francês que mais obteve sucesso nas guerras da Revolução, tendo conquistado grandes porções da Itália e forçado os austríacos à paz. Em 1799, retornou do Egito e em 18 de Brumário (9 de Novembro) subjugou o governo, substituindo-o pelo seu Consulado, do qual tornou-se o primeiro Cônsul.[44]Em 2 de Dezembro de 1804, depois duma tentativa de assassinato, ele coroou-seimperador. Em 1805, Napoleão planeou invadir a Grã-Bretanha, mas a recém-criada aliança entre britânicos, russos e austríacos (Terceira Coalizão) forçou-o a direcionar a atenção para o continente, quando ao mesmo tempo ele tinha falhado em desviar a Armada Superior Britânica para longe do Canal da Mancha, ocasionando uma decisiva derrota francesa na batalha de Trafalgar em 21 de outubro, e colocando um fim às suas esperanças de invadir a Grã-Bretanha. Em 2 de dezembro de 1805, Napoleão derrotou o exército austro-russo, numericamente superior, em Austerlitz, forçando a Áustria desistir da coalizão e levando à fragmentação do Sacro Império Romano Germânico.[44] Em 1806, a Quarta coalizão foi formada; em 14 de OutubroNapoleão derrotou os prussianos na Batalha de Jena-Auerstedt, marchando através da Alemanha e derrotando os russos em 14 de junho de1807 em Friedland. Os Tratados de Tilsit dividiram a Europa entre França e Rússia e criaram o Ducado de Varsóvia.[44]
Em 12 de junho de 1812, Napoleão invadiu a Rússia com a sua Grande Armée de aproximadamente 700 000 soldados.[44] Após as vitórias em Smolensk e Borodino, Napoleão ocupou Moscovo, apenas para encontrá-la queimada pelo exército russo em retirada. Assim, ele foi forçado a bater com seu exército em retirada. Na volta o seu exército foi arrasado pelos cossacos e sofreu de doenças, fome e com o rigoroso inverno russo. Apenas 20 000 soldados sobreviveram a essa campanha.[44] Em 1813, começou o declínio de Napoleão, sendo derrotado pelo Exército das Sete Nações na Batalha de Leipzig em outubro de 1813. Ele foi forçado a abdicar depois da Campanha dos Seis Dias e a ocupação de Paris. Sob o Tratado de Fontainebleau ele foi exilado na Ilha de Elba. Retornou à França em 1 de março de 1815 e convocou um exército leal, mas foi compreensivelmente derrotado por forças britânicas e prussianas na Batalha de Waterloo em 18 de junho de 1815.[44]

[editar]A formação das nações e dos impérios

Populares apoiando a Revolução de 1848em Berlim.
Depois da derrota da revolucionária França, outras grandes forças tentaram restaurar a situação existente antes de 1789. Em 1815, no Congresso de Viena, as maiores forças da Europa organizaram-se para produzir um pacífico equilíbrio de poder entre os impérios depois dasGuerrras Napoleónicas (embora estivessem ocorrendo movimentos internos revolucionários) sob o sistema de Matternich.[45] Entretanto, os seus esforços foram incapazes de parar a propagação de movimentos revolucionários: a classe média foi profundamente influenciada pelos ideais de democracia da Revolução Francesa, a revolução Industrial trouxe importantes mudanças sócio-económicas/econômicas, as classes baixas começaram a ser influenciadas pelas ideiassocialistascomunistas e anarquistas (especialmente unidas por Karl Marx no Manifesto Comunista),[46] e a preferência dos novos capitalistas era o liberalismo.
Em 1815, as fronteiras da Europa foram refeitas, quando as suas raízes já haviam sido sacudidas pelos exércitos de Napoleão.
Uma nova onda de instabilidade veio da formação de diversos movimentos nacionalistas (na Alemanha,ItáliaPolônia, etc.), buscando uma unidade nacional e/ou liberação do domínio estrangeiro. Como resultado, o período entre 1815 e 1871 foi palco de um grande número de conflitos e guerras de independência. Napoleão III, sobrinho de Napoleão I, retornou do exílio na Inglaterra em 1848 para ser eleito pelo parlamento francês, como o então "Presidente-Príncipe" e num golpe de estado eleger-se imperador, aprovado depois pela grande maioria do eleitorado francês. Ele ajudou na unificação da Itália lutando contra o Império Austríaco[47] e lutou a Guerra da Crimeia com a Inglaterra e o Império Otomano contra a Rússia. Seu império ruiu depois duma infame derrota para a Prússia, na qual ele foi capturado. A França então se tornou uma fraca república que recusava-se a negociar e foi derrotada pela Prússia em poucos meses. Em Versalhes, o Rei Guilherme I da Prússia foi proclamado Imperador da Alemanha e a Alemanha moderna nasceu.[48] Mesmo que a maioria dos revolucionários tenha sido derrotada, muitos estados europeus tornaram-semonarquias constitucionais, e em 1871 Alemanha e Itália se desenvolveram em estados-nação. Foi no século XIX também que se observou o Império Britânico emergir como o primeiro poder global do mundo devido, em grande parte, àRevolução Industrial e a vitória nas Guerras Napoleónicas.[49]
A paz iria apenas durar até que o Império Otomano declinasse suficientemente para se tornar alvo de outros.[50] Isso incitou a Guerra da Crimeia em 1854,[51] e começou um tenso período de pequenos conflitos entre as nações dominantes da Europa que deram o primeiro passo para a posterior Primeira Guerra Mundial. Isso mudou uma terceira vez com o fim de várias guerras que transformaram o Reino da Sardenha e o Reino da Prússia nas nações da Itália e da Alemanha, mudando significativamente o balanço do poder na Europa. A partir de 1870, a hegemonia Bismarquiana na Europa pôs a França em uma situação crítica.[52] Ela devagar reconstruiu suas relações internacionais, buscando alianças com a Grã-Bretanha e Rússia, para controlar o crescente poder da Alemanha sobre a Europa. Desse modo, dois lados opostos se formaram na Europa, incrementando suas forças militares e suas alianças ano a ano.[53]

[editar]Revolução Industrial

Revolução Industrial foi um período compreendido entre o fim do século XVIII e o começo doséculo XIX, no qual ocorreram grandes mudanças na agriculturamanufatura e transporte e foi produzido um profundo efeito socioeconómico/socioeconômico e cultural na Grã-Bretanha, que posteriormente se espalhou por toda a Europa, América do Norte, e depois para todo o mundo, num processo que ainda continua: a Industrialização. Na parte final dos anos de 1700 a economia baseada na força manual no Reino da Grã-Bretanha começou a ser substituída por outra dominada pela indústria e pelas máquinas. Começou com a mecanização das indústrias têxteis, o desenvolvimento de técnicas avançadas de produção de ferro e o aumento do uso de carvãorefinado. A expansão do comércio foi possibilitada com a introdução de canaisrodovias e auto-estradas. A introdução das máquinas a vapor (abastecidas primeiramente com carvão) e maquinaria bruta (principalmente na manufatura têxtil) deram a base para grandes aumentos na capacidade produtiva inglesa.[54] O desenvolvimento de máquinas de ferramentas nas duas primeiras décadas do século XIX facilitou a produção de mais máquinas para serem utilizadas noutras indústrias. Durante o século XIX, a industrialização se alastrou pelo resto da Europa Ocidental e América do Norte, afetando posteriormente grande parte do mundo.

[editar]Guerras mundiais

Alianças militares europeias durante aPrimeira Guerra Mundial.
Depois da relativa paz na maior parte do século XIX, a rivalidade entre as potências europeias explodiu em 1914, quando a Primeira Guerra Mundial começou. Mais de 60 milhões de soldados europeus foram mobilizados entre 1914 e 1918.[55] De um lado estavam AlemanhaÁustria-Hungria, o Império Otomano e a Bulgária (Poderes Centrais/Tríplice Aliança), enquanto que no outro lado estavam a Sérvia e a Tríplice Entente – a elástica coligação entre FrançaReino UnidoRússia, que ganhou a participação da Itália em 1915 e dos Estados Unidos em 1917. Embora a Rússia tenha sido derrotada em 1917 (a guerra foi uma das maiores causas da Revolução Russa, levando à formação da comunista União Soviética), a Entente finalmente prevaleceu no outono de 1918.
No Tratado de Versalhes (1919) os vencedores impuseram severas condições à Alemanha e aos novos estados reconhecidos (tais como PolóniaChecoslováquiaHungriaÁustriaJugosláviaFinlândiaEstóniaLetóniaLituânia) criados na Europa Central a partir dos extintos impérios Alemão, Austro-Húngaro e Russo, supostamente na base da auto-definição. A maioria desses países entraria em guerras locais, sendo a maior delas a Guerra Polaco-Soviética (1919-1921). Nas décadas seguintes, o medo docomunismo e a Grande Depressão (1929-1943) levaram grupos extremistas nacionalistas - sob a categoria do fascismo – na Itália (1922), Alemanha (1933), Espanha (depois da guerra civil, terminada em 1939) e em outros países como a Hungria.
Hitler e Mussolini formaram oPacto do Eixo e dominaram a maior parte da Europa na fase inicial daSegunda Guerra Mundial.
Depois de aliar-se com a Itália de Mussolini no Pacto de Aço e assinar o pacto de não-agressão com aUnião Soviética, o ditador alemão Adolf Hitler começou a Segunda Guerra Mundial em 1° de Setembrode 1939 invadindo a Polónia, depois de uma expansão militar ocorrida no final da década de 1930. Após sucessos iniciais (principalmente a conquista do oeste da Polónia/Polônia, grande parte daEscandináviaFrança e os Balcãs antes de 1941), as forças do Eixo começaram a enfraquecer-se em 1941. Os principais oponentes ideológicos de Hitler eram os comunistas da Rússia, mas por causa da falha alemã em derrotar o Reino Unido e das falhas italianas no norte da África e no Mediterrâneo, as forças do Eixo se resumiram à Europa Ocidental, Escandinávia, além de ataques a África. O ataque feito posteriormente à União Soviética (que junto com a Alemanha dividiu a Europa central em 1939-1940) não foi feito com a força necessária. Apesar de um sucesso inicial, o exército alemão foi parado perto deMoscovo em dezembro de 1941.
Apenas no ano seguinte é que o avanço alemão seria parado e eles começariam a sofrer uma série de derrotas, como por exemplo, nas batalhas de Stalingrado e Kursk. Nesse ínterim, o Japão (aliado de Alemanha e Itália desde setembro de 1940) atacou os britânicos no Sudeste Asiático e os Estados Unidos no Havaí em 7 de Dezembro de 1941; a Alemanha então completou a sua expansão declarando guerra aos Estados Unidos. A guerra aumentou a tensão entre o Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e osAliados (Reino Unido, União Soviética e os Estados Unidos). As forças Aliadas venceram no norte da África e invadiram a Itália em 1943, e a ocupada França em 1944. Na primavera de 1945, a Alemanha foi invadida pelo leste pela União Soviética e pelo oeste pelos Aliados; Hitler cometeu suicídio e a Alemanha se rendeu no começo de maio acabando com a guerra na Europa.
O período foi marcado também por um industrializado e planeado genocídio de mais de 11 milhões de pessoas, incluindo a maioria dos judeus da Europa e ciganos, assim como milhões de polacos e eslavos soviéticos. O sistema soviético de trabalho forçado, as expulsões da população da União Soviética e a grande fome da Ucrânia tiveram semelhante carga de mortes. Durante e depois da guerra, milhões de civis foram afetados pelas forçadas transferências da população.

[editar]Guerra Fria

Alemães em pé em cima do Muro de Berlim em 1989, ele começaria a ser destruído no dia seguinte.
Primeira e especialmente a Segunda Guerra Mundial acabaram com a preponderante posição da Europa Ocidental. O mapa do continente foi redesenhado na Conferência de Yalta[56] e dividido se tornou a principal zona de contenção na Guerra Fria entre dois blocos, os países ocidentais e o bloco Oriental. Os Estados Unidos e a Europa Ocidental (Reino UnidoFrançaItáliaPaíses BaixosAlemanha Ocidental, etc.) estabeleceram a aliança da OTAN como proteção contra uma possível invasão soviética.[57] Depois, a União Soviética e o Leste Europeu (Polónia,ChecoslováquiaHungriaRoméniaBulgária e Alemanha Oriental) estabeleceram o Pacto de Varsóvia como proteção contra uma possível invasão dos Estados Unidos.[58]
Na mesma época, a Europa Ocidental lentamente começou um processo de integração política e económica/econômica,[59] desejando um continente unido e integrado para prevenir outra guerra. Esse processo resultou naturalmente no desenvolvimento de organizações como a União Europeia[59] e o Conselho da Europa.[60] O movimento Solidarność que aconteceu na década de1980 enfraqueceu o governo comunista na Polônia, foi o começo do fim do domínio comunista naEuropa Oriental e o declínio da União Soviética.[61] O líder soviético Mikhail Gorbachev instituiu a Perestroika e a Glasnost, que enfraqueceram oficialmente a influência soviética na Europa Oriental.[61] Os governos que davam suporte aos soviéticos entraram em colapso e a Alemanha Ocidental anexou a Oriental em 1990. Em 1991, a própria União Soviética ruiu, dividindo-se em 15 estados, com aRússia tomando o lugar da União Soviética no Conselho de Segurança da ONU. Entretanto, a separação mais violenta aconteceu naJugoslávia, nos Bálcãs. Quatro (EslovéniaCroáciaBósnia e Herzegóvina e Macedónia/Macedônia) das seis repúblicas jugoslavas declararam independência e para a maioria delas uma violenta guerra se seguiu, em algumas partes até 1995. Em 2006Montenegro se separou e declarou independência, seguido por Kosovo, formalmente uma província autónoma/autônoma da Sérvia, em 2008, e descaracterizando completamente o antigo mapa da Jugoslávia/Iugoslávia. Na era pós-guerra fria, OTAN e a União Europeia foram gradualmente admitindo a maioria dos antigos estados membros do Pacto de Varsóvia.[59]

[editar]Reunificação e integração

Tratado de Roma foi assinado em 1957, entrou em vigor em 1958 e criou aComunidade Económica Europeia.
Em 1992, o Tratado de Maastricht foi assinado pelos então membros da União Europeia. Isso transformou o "Projeto Europeu" de ser uma comunidade económica/econômica com certos aspectos políticos, numa união com uma intensa cooperação e prosperidade baseada numa união de soberanias nacionais.[59] Em 1985, o Acordo de Schengen já havia uma área sem fronteiras e sem controle de passaporte entre os estados que o assinaram.[62]
Uma moeda comum para a maioria dos estados membros da União Europeia, o euro, foi estabelecida eletronicamente em 1999,[63] oficialmente partilhando todas as moedas de cada participante com os outros. A nova moeda foi posta em circulação em 2002 e as velhas foram retiradas dos mercados.[63] Apenas três países dos quinze Estados-membros decidiram não aderir ao euro (Reino UnidoDinamarca e Suécia). Em 2004, a UE deu ordem à sua maior expansão, admitindo 10 novos membros (oito dos quais antigos estados comunistas). Outros dois ingressaram no grupo em 2007, num total de 27 nações.
Um tratado estabelecendo uma constituição para a UE foi assinado em Roma em 2004, com a intenção de substituir todos os antigos tratados com apenas um só documento. Entretanto, a sua ratificação nunca foi feita devido à rejeição de franceses e holandeses viareferendo. Em 2007, concordou-se em substituir aquela proposta com um novo tratado reformado, o Tratado de Lisboa, que iria entrar como uma emenda em vez de substituir os tratados existentes.[64] Esse tratado foi assinado em 13 de dezembro de 2007, e vai entrar em vigor em janeiro de 2009, se ratificado até essa data. Isso dará a União Europeia seu primeiro presidente permanente e ministro de relações exteriores.[64]
Os Bálcãs são a parte da Europa que mais deseja aderir à União Europeia, com a Croácia notadamente esperando ser aceite antes de2010.[6

Nenhum comentário:

Postar um comentário