GUERRA FRIA- PARTE 3 (CONTINUAÇÃO)


A coexistência pacífica (1953 - 1962)

Após a morte de Stalin, em 1953Nikita Khrushchov subiu ao posto de Secretário-Geral doPartido Comunista da União Soviética e, portanto, governante dos soviéticos. Condenou os crimes de seu antecessor e pregou a política da coexistência pacífica entre os soviéticos e americanos, o que significaria os esforços de ambos os lados em evitar o conflito militar, havendo apenas confronto ideológico e tecnológico (corrida espacial). Houve apenas tentativas de espionagem. Esta política também possibilitou uma aproximação entre os líderes. Khrushchov reuniu-se diversas vezes com os presidentes americanos: com Dwight D. Eisenhower, em 1956, no Reino Unido; em 1959 nos Estados Unidos; e em 1960 na França; e com Kennedy se encontrou uma vez, em 1961, em VienaÁustria.

Os países não alinhados

Um grupo de países optou por não tomar parte na Guerra Fria. Em sua maioria, países africanos, asiáticos e ex colônias europeias de independência recente. Para garantir sua neutralidade, os assim denominados países não alinhados promoveram, em abril de 1955 e através da Conferência de Bandung, a criação do Movimento Não Alinhado. Seu objetivo era dar apoio e segurança aos países em desenvolvimento contra as duas superpotências. Condenavam o colonialismoimperialismo e o domínio de países estrangeiros em geral.[3]
A primeira conferência do movimento foi realizada em setembro de 1961, na cidade de Belgrado, com a presença de representantes de 25 países.[3] Nessas conferências, se torna óbvio os conflitos entre os países do movimento, como por exemplo, entre o Irã e o Iraque, o que favorecia a posição das duas superpotências e até da China. Além disso, era difícil a neutralidade dos países por causa da fraca economia e agrava-se pelo atraso no desenvolvimento dos países recém-independentes.[4]
Com o fim da Guerra Fria e a extinção da União Soviética, o princípio político de "neutralidade" deixou de ter um sentido comum.[4]

Crises da Guerra Fria (1956 - 1962)

Revolução húngara (1956)

Cabeça da estátua de Josef Stálin, derrubada durante a revolução.
Na Hungria, a ocupação da Hungria pelo Exército Vermelho, após a Segunda Guerra Mundial, garantiu a influência da União Soviética sobre a região.[5] O país no período pós-guerra tornou-se uma democracia pluripartidária, até 1949, quando a República Popular da Hungria foi declarada[6] e tornou-se um estado comunista liderado por Mátyás Rákosi.[7]Com o novo governo, começou uma série de prisões em campos de concentração, torturas, julgamentos e deportações para o leste. A economia não estava indo bem, sofria com a desvalorização da moeda húngara, o pengő, considerada uma das mais altas hiperinflaçõesconhecidas.
Esgotados com os índices econômicos cada vez piores e com os governos de Enrö Gero e Mátyás Rákosi, a população tomou as ruas de Budapeste na noite de 23 de outubro de 1956.[8] O objetivo desse levante era o fim da ocupação da União Soviética e a implantação do "socialismo verdadeiro".[9] Houve um confronto entre autoridades policiais e manifestantes e durante esse confronto, houve a derrubada da estátua de Josef Stálin.[8]
Mesmo após a troca de governo, os conflitos foram intensificando-se. Com isso, os soviéticos organizaram uma trégua com os populares. Logo após, o exército soviético executou uma violenta ação contra os populares, colocando no poder Janos Kadar. No dia 4 de novembro de 1956, um novo exército soviético provocou destruição nas ruas da capital húngara. Os populares foram derrubados.[8]

Guerra de Suez (1956)

O rei do Egito, pró-europeu, foi derrubado por Gamal Abdel Nasser em 1953, que procurou instalar uma política nacionalista e pan-arabista. Sua primeira manobra política de efeito foi a guerra que declarou contra o recém-criado estado de Israel, porque eles teriam humilhado os árabes na Guerra de Independência Israelita. Com os clamores de outros países árabes para uma nova investida contra os judeus, Nasser aliou-se à Jordânia e à Síria.
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Anúncio na nacionalização do Canal de Suez, feito por Gamal Abdel Nasser.
Na mesma época, Nasser teria declarado a intenção de nacionalizar o Canal de Suez, que era controlado majoritariamente por franceses e britânicos. Isso preocupou as duas potências, que necessitavam do canal para seus interesses colonialistas na África e Ásia. Assim, a França, o Reino Unido e Israel decidiram formar uma aliança, declararam guerra ao Egito de Nasser e cuidaram da ocupação do Egito. Os europeus cuidaram de bombardear e lançar paraquedistas em locais estratégicos, enquanto os israelitas cuidaram da invasão terrestre, invadindo a península do Sinai em poucos dias depois.
A guerra no Egito perturbou a paz que vinha sendo mantida entre Washington D.C. eMoscou. Dwight D. Eisenhower, então presidente americano, criticava a repressão emBudapeste, na Hungria, e teve que provar que era contra a invasão a Israel. Os Estados Unidos tentaram várias vezes fazer os europeus mudarem de ideia e retirar os ocupantes do Egito, ao mesmo tempo que Khrushchev demandava respostas. Os Estados Unidos, inclusive, tentaram, a 30 de Outubro de 1956, levar ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a petição de retirada das tropas do Egito, mas França e Reino Unido vetaram a petição. A União Soviética seguia a mesma linha de raciocínio do Estados Unidos, sendo assim favorável à desocupação das terras egípcias porque queria estreitar laços com os árabes, e se aliou rapidamente à Síria e ao Egito.
A crescente pressão econômica estadunidense e a ameaça de Khrushchov de que "modernas armas de destruição" seriam usadas emLondres e Paris fizeram os dois países recuarem, e os aliados se retiraram do Sinai em 1957. Após a retirada, o Reino Unido e a França foram forçadas a perceber que não eram mais líderes políticos do mundo, enquanto o Egito manteve sua política nacionalista e, mais tarde, pró-soviética.

Crise dos Mísseis (1962)

Cuba, a maior das ilhas caribenhas, sofreu uma revolução em 1959, que retirou o ditador pró-estadunidense Fulgêncio Batista do poder, e instaurou a ditadura de Fidel Castro a partir de 1959. A instauração de um regime socialista preocupou a Casa Branca que ainda em 1959 tentou depor o novo governo, apoiando membros ligados ao antigo regime e iniciando um embargo econômico à ilha. Com o bloqueio do comércio de petróleo e grãos, Cuba passa a adquirir esses produtos da URSS. O governo de Fidel Castro, inicialmente composto por uma frente de grupos nacionalistas, populistas e de esquerda, que variava de social-democratas aos de inspiração marxista-leninista, rapidamente se tornaria polarizaria em torno dos líderes mais pró-URSS. Em 1961, a CIA chegou a organizar o desembarque de grupos de oposição armados que deporiam Fidel Castro na operação da Invasão da Baía dos Porcos, que foi um fracasso completo. Diante desta situação o novo regime cubano se aproxima rapidamente da URSS, que oferece proteção militar.
Em 1962, a União Soviética foi flagrada construindo 40 silos nucleares em Cuba. Segundo Kruschev, a medida era puramente defensiva, para evitar que os Estados Unidos tentassem nova investida contra os cubanos. Por outro lado, no plano estratégico global, isto representava uma resposta à instalação de mísseis Júpiter II pelos estadunidenses na cidade de EsmirnaTurquia, que poderiam ser usadas para bombardear todas as grandes cidades da União Soviética.
Local de lançamento de mísseis em Cuba, dia 1 de Novembro de 1962.
Rapidamente, o presidente Kennedy tomou medidas contrárias, como a ordenação de quarentenaà ilha de Cuba, posicionando navios militares no mar do Caribe e fechando os contatos marítimos entre a União Soviética e Cuba. Vários pontos foram levantados a respeito deste bloqueio naval: os soviéticos disseram que não entendiam porque Kennedy havia tomado essa medida, já que vários mísseis estadunidenses estavam instalados em territórios dos países da OTAN contra os soviéticos, em distâncias equivalentes àquela entre Cuba e os EUA; Fidel Castro revelou que não havia nada de ilegal em instalar mísseis soviéticos em seu território[carece de fontes]; e o primeiro-ministro britânico Harold Macmillan disse não ter entendido por que não foi sequer ventilada a hipótese de acordo diplomático[carece de fontes].
Em 23 e 24 de Outubro, Kruschev teria enviado uma carta a Kennedy[carece de fontes], informando suas intenções pacíficas. Em 26 de Outubro disse que retiraria seus mísseis de Cuba se Washington se comprometesse a não invadir Cuba[carece de fontes]. No dia seguinte, pediu também a retirada dos balísticos Júpiter da Turquia. Mesmo assim, dois aviões espiões estadunidenses U-2 foram abatidos em Cuba e na Sibéria em 27 de Outubro, o ápice da crise. Neste mesmo dia, os navios mercantes soviéticos haviam chegado ao Caribe e tentariam passar pelo bloqueio. Em 28 de Outubro, Kennedy foi obrigado a ceder os pedidos, e concordou em retirar os mísseis da Turquia e não atacar Cuba. Assim, Nikita Kruschev retirou os mísseis nucleares soviéticos da ilha.
Apesar de o acordo ter sido negativo para os dois lados, o grande derrotado foi o líder soviético, que foi visto como um fraco que não soube manter sua posição frente aos estadunidenses.
Sobre isso, disse o Secretário de Estado Dean Rusk:
"Nós estivemos cara a cara, mas eles piscaram"[carece de fontes].
Dois anos depois, Kruschev não aguentou a pressão e saiu do governo. Kennedy também foi mal-visto pelos comandantes militares dos Estados Unidos. O general Curtis LeMay disse a Kennedy que este episódio foi "a maior derrota da história estadunidense" [carece de fontes], e pediu para que os Estados Unidos invadissem imediatamente Cuba[carece de fontes].

América Latina

Durante a Guerra Fria, a propaganda e os os esforços anticomunistas dos EUA fizeram-se sentir na região. De 1946 a 1984, os Estados Unidos mantiveram no Panamá a Escola das Américas. A finalidade deste órgão era formar lideranças militares pró-EUA. Vários ditadores latino-americanos foram alunos desta instituição, entre eles o ditador do Panamá Manuel Noriega, e Leopoldo Galtieri, líder da Junta Militar da Argentina. A partir de 1954, os serviços de inteligência norte-americanos participaram de golpes de estado contra governos latino-americanos.[10][11] Após a Revolução cubana, o receio de que o comunismo se espalhasse pelas Américas cresceu muito. Governos simpáticos ao comunismo ou democraticamente eleitos, mas contrários aos interesses políticos e econômicos dos EUA foram removidos do poder.
Em 1961, o presidente Kennedy criou a Aliança para o Progresso, para abrandar as tensões sociais e auxiliar no desenvolvimento econômico das nações latino-americanas, além de conter o avanço comunista no continente americano. Este programa ofereceu ajuda técnica e econômica a vários países. Com isto pretendia-se afastar a possibilidade das nações da América Latina alinharem-se com o bloco soviético. Mas, como programa não alcançou os resultados esperados, foi extinto em 1969 pelo presidente Richard Nixon.
Golpes de Estado ocorridos na América Latina neste período:

A Distensão (1962 - 1979)

Jimmy Carter e Leonid Brejnev assinando o SALT II, em 1979.
O período da distensão (Détente) seguiu-se à Crise dos Mísseis, por ela quase ter levado as duas superpotências a um embate nuclear. Os EUA e a URSS decidiram, então, realizar acordos para evitar uma catástrofe mundial. Nesta época, vários tratados foram assinados entre os dois lados. A política Détente, foi principalmente seguida por Brejnev, que mais tarde criaria um grande sistema diplomático e de distensão, sendo este o sistema que salvaria a pele de Brejnev, que entrara em uma estagnação econômica, apesar de alcançar um bem-estar para o povo soviético. Durante a direção de Brejnev e sua inseparável doutrina, o povo que nascera depois da Guerra Fria nunca havia presenciado um momento de tanta paz mundial.
  • Tratado de Moscou (1963) - Os dois países regularam a pesquisa de novas tecnologias nucleares e concordaram em não ocupar a Antártica.
  • TPN (Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares) (1968) - Os países signatários (EUA, URSS, China, França e Reino Unido) comprometiam-se a não transmitir tecnologia nuclear a outros e a se desarmarem de arsenais nucleares.
  • SALT I (Strategic Arms Limitation Talks - Acordo de Limitação de Armamentos Estratégicos) (1972) - Previa o congelamento de arsenais nucleares dos Estados Unidos e da União Soviética.
  • SALT II (1979) - Prorrogação das negociações do SALT I. (ver: Conversações sobre Limites para Armas Estratégicas)
Os dois países tinham seus motivos particulares para buscar acordos militares e políticos. A URSS estava com problemas nos relacionamentos com a China, e viu este país se desalinhar do socialismo monopolista de Moscou. Isso criou a prática da diplomaciatriangular, entre Washington, Moscou e Pequim. Também estavam com dificuldades agrícolas e econômicas. E os Estados Unidos haviam entrado numa guerra contra o Vietnã, e na década de 1970 entrariam em uma grave crise econômica.
A Distensão, apesar de garantir o não-confronto militar, acirrou a rivalidade política e ideológica, culminando em algumas revoltas sociais e apoios a revoltas e revoluções na Europa e no Terceiro Mundo.
Como exemplo, pode-se citar a Invasão do Afeganistão, a Intervenção Soviética em Praga, e a própria guerra do Vietnã.

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