GUERRA FRIA- PARTE 4 (CONTINUAÇÃO)


Guerra do Vietnã (1964 - 1975)

Guerra do Vietnã foi um dos maiores confrontos militares envolvendo capitalistas e socialistas no período da Guerra Fria. Opôs o Vietname do Norte e guerrilheiros pró-comunistas do Vietname do Sul contra o governo pró-capitalista do Vietname do Sul e os Estados Unidos.
Após a Convenção de Genebra (1954), o Vietnã, recém-independente da França, seria dividido em duas zonas de influência, como a Coreia, e estas zonas seriam desmilitarizadas e mantidas cada uma sob um dos regimes (capitalismo e socialismo). Foi estipulada uma data (1957) para a realização de um plebiscito, decidindo entre a reunificação do país ou não e, se sim, qual regime seria adotado.
Corpos de Vietnamitas em Saigon,Vietname do Sul1968.
Infelizmente para o Vietname do Sul, o líder do Norte, Ho Chi Minh, era muito benquisto entre a população, por ser defensor popular e herói de guerra. O governo do Vietname do Sul decidiu proibir o plebiscito de ocorrer em seu território, pois queria manter o alinhamento com os estadunidenses. Como o Vietname do Norte queria a reunificação, lançaram-se em uma guerra contra o Sul.
O Vietname do Norte contou com o apoio da Frente de Liberação Nacional, ou vietcongs, um grupo de rebeldes no Vietname do Sul. E o Vietname do Sul contou, em 1965, com a valiosa ajuda dos Estados Unidos. Eles entraram na guerra para manter o governo capitalista no Vietname, e temendo a ideia do "efeito dominó" (Teoria do Dominó) no qual, ao verem um país que se libertou do capitalismo preferindo o socialismo, outros países poderiam seguir o exemplo (como foi o caso de Cuba).
Até 1965, a guerra estava favorável ao Vietname do Norte, mas quando os Estados Unidos se lançaram ao ataque contra o Vietname do Norte, tudo parecia indicar que seria um grande massacre dos vietnamitas, e uma fácil vitória ocidental. Mas os vietnamitas do norte viram nessa guerra uma extensão da guerra de independência que haviam acabado de vencer contra a França, e lutaram incessantemente. Contando com o conhecimento do território, os vietnamitas do norte conseguiram vencer os Estados Unidos, o que é visto como uma das mais vergonhosas derrotas militares dos Estados Unidos. Em 1975, os Estados Unidos e o Vietname do Norte assinaram os Acordos de Paz de Paris, onde os EUA reconheceram a unificação do Vietnã sob o regime comunista de Ho Chi Minh.
A derrota dos EUA evidenciou o fracasso da política norte-americana na Ásia e acarretou a reformulação, no Governo Nixon, da política externa no Oriente. Com isso, os norte-americanos buscaram uma maior flexibilidade e novos parceiros, destacando a aproximação com a China comunista.

A Distensão na Europa

A Europa, continente que mais sofreu com a divisão mundial, também sofreu os efeitos da distensão política. Os países começaram a questionar as ideologias a que foram impostos, e optaram cada vez mais pelo abrandamento, no lado ocidental, e pela revolta popular seguida de forte repressão, no lado oriental.
  • Em 1968, a Tchecoslováquia viu uma grande manifestação popular apoiar ideias de abertura política em direção à social-democracia e a um "socialismo com uma face humana". Este movimento ficou conhecido como Primavera de Praga, em alusão à capital da Tchecoslováquia, Praga, local onde os movimentos populares tomavam corpo. Temendo a liberdade política da Tchecoslováquia, Leonid Brejnev, líder da URSS, ordenou a invasão de Praga e a repressão do movimento popular.
  • Em 1966Charles de Gaulle, presidente da França, manteve os seus ideais de nacionalismo francês e antiamericanismo e desalinhou-se com as práticas estadunidenses, saindo da OTAN.
  • Em 1969, o chanceler da Alemanha Ocidental anuncia a "Ostpolitik", uma política de aproximação dos vizinhos, os alemães orientais. Em 1972 os Estados passam a se reconhecerem mutuamente podendo, assim, voltar a integrar a ONU.

O reconhecimento da China pelos Estados Unidos

Richard Nixon e Mao Tse-Tung durante a visita do Presidente americano à República Popular da China, em 1972.
Desde o início da década de 1950 a República Popular da China tinha problemas com a União Soviética, por causa de hierarquia de poderes. Moscou queria que o socialismo no mundo fosse unificado, sob a tutela do Kremlin, enquanto Pequim achava que a República Popular da China não deveria se submeter aos soviéticos. Além disso, o governo chines exigia que a URSS transferisse sua tecnologia nuclear para a China, o que não era bem visto por Moscou. Este processo acabou levando a ruptura sino-soviética.
Ao longo dos anos 1960 os Estados Unidos iniciaram uma aproximação com a URSS que levaria ao que ficou conhecido como distensão política, enquanto recrudesceram suas relações com aChina comunista, aprofundando a disputa com este pais no Sudeste Asiático, onde se aprofundava a Guerra do Vietnã. Neste período as disputas entre URSS e China cresceram ainda mais. Esta tensão tornou-se um problema crescente para os soviéticos, que perdiam um forte aliado no Leste Asiático e passaram a ver a China como uma potencial ameaça. No fim dos anos 1960, a China passa a manter cerca de 1 milhão de soldados na fronteira com a URSS, o que força a URSS a manter outro volume equivalente de tropas na região.
O auge da disputa entre China e URSS é considerado o ano de 1969, quando ocorre um confronto armado na fronteira sino-soviética, na região do rio Ussuri (nordeste da Manchúria) e os dois países quase entram em guerra.
Nos anos 1970 a situação se inverte e os EUA passam a se aproximar da China e isolar novamente a URSS, iniciando inclusive um processo de ampliação das relações ecônomicas com a China e de guerra comercial com a URSS.[13]
Estas mudanças ocorridas na década de 1970, pioraram ainda mais a situação da URSS, pois Mao Tse-tung, secretario-geral da China socialista, ampliou o processo de aproximação com os EUA. Além de isolar a URSS, a aproximação com os EUA trouxe vantagens para a China, como o fim da Guerra do Vietnã, o reconhecimento diplomático pelos americanos, a adesão da China à ONU e a substituição deTaiwan (China nacionalista) pela China no Conselho de Segurança da ONU.
Desde a Revolução Chinesa de 1949, o mundo ocidental via o governo de Mao Tse-Tung como ilegal, e continuaram reconhecendo como governo legítimo da China o governo refugiado em Taiwan. Com a aproximação entre Pequim e Washington, os Estados Unidos passaram a reconhecer o governo de Mao Tse-tung como o legítimo regente chinês, ou seja, a República Popular da China como a China de fato. Assim, outros países ocidentais tomaram a mesma decisão, e a China pôde entrar para ONU, como participante e como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Em 1975, os Estados Unidos e o Vietname do Norte assinaram os Acordos de Paz de Paris, os EUA reconheceram a unificação do Vietnã e iniciaram uma nova fase de cooperação com a China. A partir deste período, e principalmente nos anos 1980, a China passaria a apoiar os EUA na disputa deste pais com a URSS.

A "Segunda" Guerra Fria (1979-1985)

A Guerra Fria em 1980.
Após o ano de 1979, seguiu-se uma nova fase nas relações amistosas entre os Estados Unidos e a União Soviética, que ampliaram as relações entre as duas superpotências. O período que vai de 1979 a 1985, 1987 ou 1988 (dependendo da classificação), ficou conhecido como "II Guerra Fria", devido à retomada das hostilidades indiretas entre EUA e URSS, após o período da "distensão". No plano estratégico ficou clara a formação de uma grande coalizão global contra a União Soviética, que passou a incluir, além dos Estados Unidos e seus aliados da OTAN e o Japão, também aChina.[14]
Embora na época o apoio chinês à estratégia americana de cercamento da URSS tenha sido considerado secundário, hoje muitos historiadores consideram que este papel pode ter sido determinante para o desfecho da Guerra Fria.
Os principais episódios que marcaram este período foram:
  • Em 1979 a União Soviética invade o Afeganistão, assassinando Hafizullah Amin, e colocando em seu posto Brabak Karmal, que era a favor das políticas de Moscou. A este evento seguiu-se uma grande resistência anti-soviética, principalmente da parte dos mujahidin das montanhas afegãs. Eles eram abastecidos por outros países, como ChinaArábia SauditaPaquistão e o próprio Estados Unidos. Após dez anos de lutas, as tropas soviéticas tiveram que abandonar o país, em 1988. Esta vitória dos mujahidin possibilitou, anos depois, a formação do grupo Taleban, que aproveitou a desordem no país para instaurar um governo autoritário fundamentalista no Afeganistão, nosanos 1990.
Donald Rumsfeld, em 1983, viaja como enviado especial dos EUA ao Oriente Medio, no Governo Reagan, para reforcar o apoio ao governo iraquiano de Saddam Hussein, na guerra contra o Irã, conhecida comoGuerra Irã-Iraque, que era vista como uma forma de conter a influencia soviética na região. Posteriormente Donald Rumsfeld veio a ocupar o cargo de Secretario de Defesa dos EUA no Governo Bush.
  • Ainda em 1979 Margaret Thatcher foi eleita primeira-ministra do Reino Unido pelo Partido Conservador, e deu à política externa do país uma face mais agressiva contra o regime soviético.
  • Por fim, ainda em 1979 o principal aliado americano no Golfo Pérsico, o Irã, que passava por grande turbulência interna, passa por uma Revolução Islâmica nacionalista e de caráter fortemente anti-americana, que levou os EUA a iniciarem uma longa disputa com o novo regime no país.[15] Como resultado deste processo, a partir de 1980, os Estados Unidos passaram a apoiar o Iraque na guerra deste país contra o Irã, que ficou conhecida como "Guerra Irã-Iraque".
  • Em 1981Ronald Reagan foi eleito presidente dos Estados Unidos e, ao contrário de seus antecessores, que pregavam a Distensão, Reagan defendia a retomada da estrategia de cercamento da URSS, conforme defendido por Henry Kissinger no fim dos anos 1970 e, de forma mais clara, por Zbigniew Brzezinski e Donald Rumsfeld, nos anos 1980, o que implicava na retomada do confrontdo com a União Soviética. Dentre os resultados desta política, foi ampliado o fornecimento de armamentos a Saddam Hussein, ditador iraquiano, que lutava contra o Irã naGuerra Irã-Iraque e o apoio aos guerrilheiros mujahidin que lutavam contra os soviéticos noAfeganistão.[16]
  • Em 1983, forças militares americanas invadiram Granada, que havia sofrido um golpe militar liderado pelo vice-primeiro-ministro Bernard Coard, que havia depôsto o primeiro-ministro granadino, Maurice Bishop. O governo instituído por Bernard Coard, tinha o apoio de Cuba, mas em 25 de Outubro, 7.300 combatentes americanos invadiram a ilha, derrotando as forças granadinas e cubanas. Após a vitória dos EUA, o governador-geral de Granada, Paul Scoon, nomeou um novo governo e, em meados de Dezembro, as forças dos EUA retiraram-se.
  • Em 1983 o Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, anuncia a criação da Iniciativa Estratégica de Defesa, que ficaria conhecida como "Programa Guerra nas Estrelas", que tinha por objetivo criar um "escudo" contra os mísseis balísticos soviéticos, dando grande vantagem aos Estados Unidos na corrida armamentista e na corrida espacial.[17] A reação soviética foi ampliar ainda mais os seus elevados gastos na área de defesa e no desenvolvimento do seu dispendioso programa espacial.

A Era Gorbachev - o fim da Guerra Fria (1985-1991)

Mudanças políticas na Europa após 1989, incluindo a reunificação alemã.
Depois da gestão de Brejnev, a União Soviética teve duas rápidas governanças, Yuri Andropov eKonstantin Chernenko, homens que durante o período de Brejnev eram seus segundo homens, tendo um poder quase total sobre o país, sendo Andropov o chefe da temida e poderosa polícia secreta KGB e Chernenko, por treze anos carregando o segundo mais alto cargo dentro do país, que, na prática, governou o país durante a decadência na saúde de Brejnev, no final da década de 1970, e que surpreendentemente foi derrotado nas eleições por Andropov, que morreu pouco tempo depois de chegar ao cargo político máximo.
Seguinte a Chernenko, o chamado último bolchevique, foi eleito Mikhail Gorbachev, cuja plataforma política defendida era a necessidade de reformar a União Soviética, para que ela se adequasse à realidade mundial. Em seu governo, uma nova geração de políticos tecnocratas - que vinham ganhando espaço desde o governo Khrushchov - se firmou, e impulsionou a dinâmica de reformas na URSS e a aproximação diplomática com o mundo ocidental.

Perestroika e Glasnost

Gorbachev, embora defensor de Karl Marx, defendeu o liberalismo econômico na URSS como a única saída viável para os graves problemas econômicos e sociais. A União Soviética, desde o início dos anos 70, passava por grande fragilidade, evidenciada na queda da produtividade dos trabalhadores e a queda da expectativa de vida. A alta nos preços do petróleo no período 1973-1979 e a nova alta de 1979-1985, deram uma sobrevida temporária a um sistema econômico que já estava falido. A crise econômica mundial dos anos 1980, a escassez de moedasfortes e a queda no preço das commodities exportadas pela URSS (petróleo e cereais), ajudaram a aprofundar a crise do sistema econômico planificado da União Soviética.
Os gastos militares estavam tornando-se muito altos para uma economia como a soviética, planificada, extremamente burocratizada e com cerca de metade do PIB dos EUA. A economia de mercado dos EUA era muito mais competitiva e permitia o repasse acelerado de tecnologias militares e aeroespaciais de ponta para o setor civil. Na URSS tudo que seria produzido era previamente planejado nos Planos Quinquenais. A burocracia dificultava qualquer transferência de tecnologia sensível para o setor produtivo civil e toda a produção agrícola era milimetricamente planejada. Quando ocorre o acidente nuclear de Chernobil 1986, toda a produção agrícola daquele ano foi perdida, os gastos inesperados foram enormes e o Estado que havia planejado exportar uma safra recorde de grãos, teve que importar comida. Rapidamente começava a faltar até mesmo pão no país que havia sido o maior produtor mundial de trigo. Somando-se aos custos do envolvimento de meio milhão de homens no Afeganistão durante os anos 1980, mais os gastos militares da nova corrida armamentista, conhecida como segunda Guerra Fria, aquela enorme economia engessada colapsou.
Frente a estes problemas, Mikhail Gorbachev aplicou dois planos de reforma na URSS: a perestroika e a glasnost.
  • Perestroika: série de medidas de reforma econômicas. Para Gorbachev, não seria necessário erradicar o sistema socialista, mas uma reformulação deste seria inevitável. Para tanto, ele passou a diminuir o orçamento militar da União Soviética, o que implicou diminuição de armamentos e a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão.
  • Glasnost: a "liberdade de expressão" à imprensa soviética e a transparência do governo para a população, retirando a forte censura que o governo comunista impunha.
A nova situação de liberdade na União Soviética possibilitou um afrouxamento na ditadura que Moscou impunha aos outros países. Pouco a pouco, o Pacto de Varsóvia começou a enfraquecer, e cada vez mais o Ocidente e o Oriente caminhavam para vias pacíficas. Em 1986, Ronald Reagan encontrou Gorbachev em ReykjavíkIslândia, para discutir novas medidas de desarmamento dos mísseis estacionados na Europa.

O desalinhamento das repúblicas orientais

Alemães em pé em cima do Muro de Berlim, em 1989, ele começaria a ser destruído no dia seguinte.
O ano de 1989 viu as primeiras eleições livres no mundo socialista, com vários candidatos e com a mídia livre para discutir. Ainda que muitos partidos comunistas tivessem tentado impedir as mudanças, a perestroika e a glasnost de Gorbachev tiveram grande efeito positivo na sociedade. Assim, os regimes comunistas, país após país, começaram a cair.
Polônia e a Hungria negociaram eleições livres (com destaque para a vitória do partidoSolidariedade na Polônia), e a Tchecoslováquia, a Bulgária, a Romênia e a Alemanha Orientaltiveram revoltas em massa, que pediam o fim do regime socialista. O ponto culminante foi a queda do Muro de Berlim em 9 de Novembro de 1989, que pôs fim à Cortina de Ferro e, para alguns historiadores, à Guerra Fria em si.
Formação da CEI, o fim oficial da União Soviética.
Esta situação repentina levou alguns conservadores da União Soviética, liderados pelo GeneralGuenédi Ianaiev e Boris Pugo, atentar um golpe de estado contra Gorbachev em Agosto de 1991. O golpe, todavia, foi frustrado por Boris Iéltsin. Mesmo assim, a liderança de Gorbachev estava em decadência e, em Setembro, os países bálticosconseguiram a independência.
Em Dezembro, a Ucrânia também se tornou independente. Finalmente, no dia 31 de Dezembro de 1991, Gorbachev anunciava o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, renunciando ao cargo que ocupava e ao seu sonho de ver um mundo socialista.

Nova Guerra Fria

Nova Guerra Fria é a designação de um novo contexo político internacional, de tensão entre, adotado novamente as grandes potências militares que disputaram a Guerra Fria - EUA e Rússia -, na primeira década do novo milénio, onde ambos os países buscam redefinir suas respectivas regiões de influência e poder. A ideia de uma nova Guerra Fria nasce a partir da constatação do surgimento de uma série de novas tensões criadas entre EUA e Rússia nos anos 2000. Dentre os diversos atritos entre EUA e Rússia nesta década, destaca-se principalmente o projeto estadunidense de construir um "Escudo antimísseis", durante o governo Bush, que incluiria uma rede de radares e de sistemas anti-mísseis (bases de mísseis anti-mísseis, satélites e armas laser) em países da antiga área de influência soviética.[18]
Entretanto, outras disputas entre Rússia e EUA também se desenvolveram ao longo da década de 2000, incluindo as tensões relacionadas aos projetos de ampliação da OTAN para o leste da Europa, incluindo países da ex-URSS, como a Ucrânia, país alvo de novas tensões desde a "Revolução Laranja" de 2004-2005, que implementou um governo anti-russo no país. Destacaram-se ainda novas disputas envolvendo a região do Ártico.[19] Também contribuíram para o aumento das tensões russo-americanas, o apoio indireto dos EUA aosseparatistas da Chechênia, o apoio da Rússia (na forma de fornecimento de armas modernas) a governos considerados hostis aos interesses dos Estados Unidos, como a Venezuela e o Irã,[20] e, principalmente, a resposta russa durante a Guerra da Geórgia.[21][22]

A Era Medvedev (2008-2009)

Em 2008, a tensão entre Washington e Moscou, a antiga capital da URSS, se agravaram depois dos EUA ter anunciado o início da construção do Escudo antimísseis no Leste Europeu, na área próxima e de influência direta da Rússia. Em resposta ao fato, Moscou condena a atitude dos EUA e anuncia a instalação de mísseis táticos Iskander na região ocidental de Kaliningrado, o desenvolvimento de contramedidas eletrônicas dos elementos do Escudo Antimísseis que Washington planeja instalar no Leste Europeu, composto por um radar na República Tcheca e mísseis interceptadores na Polônia,[23] e o desenvolvimento de uma nova geração de armas nucleares e mísseis balisticos moveis por parte da Rússia.[18]
Em 2009, Moscou anuncia que irá rearmar suas forças militares e ampliar seu arsenal nuclear em resposta ao fortalecimento da Otan(Organização do Tratado do Atlântico Norte), criada para combater o avanço do socialismo na era bipolar. O reingresso da França e de outros países do Leste Europeu tem provocado tensões na região.[24][25]
Com a ascensão de Barack Obama a Presidência dos Estados Unidos, ocorre uma redução das tensões entre EUA e Rússia, principalmente devido ao anúncio da interrupção do plano de construção da infra-estrutura do "Escudo anti-mísseis" (radares e sistemas anti-mísseis) em torno da Rússia.[26]

A Guerra na Ossétia do Sul e Geórgia

Em Agosto de 2008, a Ossétia do Sul (apoiada pela Rússia), e a Geórgia (apoiada pelos EUA), entraram em conflito armado, tropas da Geórgia ocuparam militarmente a capital da Ossétia do Sul, região separatista da república georgiana. Em resposta ao ocorrido, tropas russas atacaram militarmente a Geórgia e reconheceu as regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abecásia, o que causou forte desgaste diplomático entre Washington e Moscou.[27][28][29]

Cronologia

AnoAcontecimento
1945Cientistas estadunidenses testam com sucesso o primeiro dispositivo atômico do mundo. Em agosto de 1945 os EUA atacam as cidades de Hiroshima e Nagasaki com armas nucleares.
1946Winston Churchill cita a expressão "iron curtain" ou, em português, "cortina de ferro", em discurso pronunciado no Westminster College, em FultonMissouri, nos Estados Unidos, em 5 de março de 1946.
1947O presidente estadunidensesHarry S. Truman estabelece a Doutrina Truman, em um violento discurso no dia 12 de março de1947, assumindo o compromisso de "defender o mundo capitalista contra a ameaça socialista", iniciando a Guerra Fria. Em seguida, o secretário de estado George Catlett Marshall anunciou a disposição de os Estados Unidos colaborar financeiramente para a recuperação da economia dos países europeus, o Plano Marshall. Truman deu início à concessão de créditos auxiliando aGrécia e a Turquia, com o objetivo de sustentar governos pró-ocidentais naqueles países.
1949URSS testa seu primeiro dispositivo nuclear. Criada a OTAN.
1950Grupos desarmamentistas começam a pressionar em favor do desarmamento nuclear unilateral, em que um lado desiste de suas armas nucleares esperando que o outro faça o mesmo. Durante a Guerra da Coreia o general americano Douglas MacArthur discute publicamente a possibilidade de usar armas nucleares para definir o conflito.
1952Reino Unido explode um dispositivo nuclear. Ano da primeira bomba termonuclear (hidrogênio), testada pelos Estados Unidos.
1953Morte de Stálin, assume em seu lugar Nikita Kruschev, o novo chefe da União Soviética. Fim da Guerra da Coréia. A URSS testa sua primeira bomba termonuclear (hidrogênio).
1957União Soviética lança o primeiro satélite artificial, o Sputnik, lançado com o foguete Sputinik-1, cuja versao militar foi o primeiroMíssil balístico intercontinental, o R-7 Semyorka.
1960França explode um dispositivo nuclear.
1961União Soviética lança o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin, a bordo do foguete Vostok-1, da família R-7, uma versão civil doMíssil balístico intercontinental Vostok-K (GRAU 8K72K).
1964China testa o seu primeiro dispositivo nuclear.
1964Renúncia de KruschevLeonid Brejnev se torna o novo Secretário-geral da União Soviética.
1969Os estadunidenses testam o MRV (veículos de reentradas múltiplas), permitindo que os mísseis transportem até cinco ogivas nucleares separadas. Os soviéticos fazem o mesmo. Estadunidenses e soviéticos discutem o controle da tecnologia nuclear, enquanto sua proliferação ameaça o equilíbrio nuclear conhecido como MADConfronto armado na fronteira da URSS e China, marca o auge das tensoes entre soviéticos e chineses.
1971República Popular da China substituiu Taiwan (República da China) como representante da China na ONU e como um dos cinco membros permanentes do seu Conselho de Segurança.
1972Um tratado sobre mísseis antibalísticos limitando o emprego de apenas dois sistemas em cada superpotência, em suas capitais, foi assinado como parte do SALT I. Presidente Nixon, dos EUA visita a China comunista.
1973Estados Unidos reconhecem a China comunista como representante da China, ao invés de Taiwan, embora as Relações diplomaticas so sejam normalizadas em 1979.
1974Acordo EUA-URSS para impor um "teto" na quantidade de sistemas de ataque nuclear (bombardeirosmísseis balísticos intercontinentais e submarinos nucleares) em cada superpotência.
1977Criada a Constituição Soviética de 1977, de acordo com esta, Brejnev é eleito o presidente.
1979O acordo SALT II reduziu os limites de armas nucleares. Invasão soviética do Afeganistão dificultou a ratificação do tratado pelo senado norte-americano.
1980START (conversações sobre redução de armas estratégicas), que sucedeu o SALT, faz pouco progresso.
1982Morte de BrejnevIuri Andropov é o novo secretário-geral e presidente da União Soviética.
1983O presidente dos EUA, Ronald Reagan, anuncia sua decisão de custear um sistema defensivo aeroespacial anti mísseis balísticoschamado de "Guerra nas Estrelas".
1984Morte de Iuri AndropovKonstantin Chernenko é o novo secretário-geral e presidente da União Soviética.
1985Morte de Konstantin ChernenkoMikhail Gorbatchov é o novo secretário-geral e presidente, inicio do fim da Guerra e da URSS.
1987Acordo EUA-URSS para abolir as forças nucleares intermediárias terrestres.
1988A URSS inicia a retirada de suas tropas do Afeganistão. Fim da Guerra Irã-Iraque. Iniciadas as tratativas para encerrar o confronto entre Angola e África do Sul na África Austral, pondo fim à Guerra Civil Angolana.
1989Queda do muro de Berlim. Primeiro grande marco do fim da Guerra Fria e do conflito Capitalista X Socialista.
1990Com base no acordo START, as duas superpotências concordam em reduzir, até 1998, os arsenais estratégicos para 6.000 ogivas nucleares em cada um dos países.
1991As superpotências concordam em eliminar todos os mísseis táticos terrestres armados com ogivas nucleares táticas que havia naEuropa e na Península Coreana. Com a dissolução da União Soviética, as armas nucleares estratégicas não ficaram apenas naRússia, mas também na BielorrússiaUcrânia e Cazaquistão, que concordam com sua transferência para a Rússia para a destruição de todos. Marco definitivo do fim da Guerra Fria, com o desmantelamento da URSS.

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