GUERRA DAS MALVINAS- PARTE 1


As ilhas Malvinas, arquipélago situado a cerca de 500 quilômetros da costa argentina, foi palco de uma das mais curtas, sangrentas e desnecessárias guerras que aconteceram no século XX. A região foi ocupada pelos britânicos desde o século XIX e integrava uma parcela mínima dos vastos territórios que compunham o imenso império britânico. Após a Segunda Guerra, mesmo com o processo de descolonização, a região sul americana se manteve sob a tutela inglesa. A Guerra das Malvinas (em inglês Falklands War e em castelhano Guerra de las Malvinas) ou Guerra do Atlântico Sul ou ainda Guerra das Falklands foi um conflito armado entre a Argentina e o Reino Unido ocorrido nas Ilhas Malvinas (em inglêsFalklands), Geórgia do Sul e Sandwich do Sul entre os dias 2 de abril e 14 de junhode 1982 pela soberania sobre estes arquipélagos austrais reinvindicados[2] em 1833e dominados a partir de então pelo Reino Unido. Sem dúvida, a Argentina reclamou como parte integral e indivisível de seu território, considerando que elas encontram "ocupadas ilegalmente por uma potência invasora" e as incluem como partes da província da Terra do FogoAntártica e Ilhas do Atlântico Sul.
O saldo final da guerra foi a recuperação do arquipélago pelo Reino Unido e a morte de 649 soldados argentinos, 255 britânicos e 3 civis das ilhas. Na Argentina, a derrota no conflito fortaleceu a queda da Junta militar que governava o país e que havia sucedido as outras juntas militares instaladas através do golpe de Estado de1976 e a restauração da democracia como forma de governo. Por outro lado, a vitória no confronto permitiu ao governo conservador de Margaret Thatcher obter a vitória nas eleições de 1983.

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Antecedentes

Mapa das ilhas Malvinas (com ostopônimos argentinos).
As ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul são três arquipélagos situados no Oceano Atlântico, perto da costa argentina, que constituem um domínio colonial britânico desde 1833. Não obstante, desde a sua ocupação em 1690 foram motivos de conflito entre o Reino Unido, França eEspanha, e depois entre o Reino Unido e a Argentina, que se considera herdeira dos direitos espanhóis sobre estas ilhas. Neste período, surgiram diversas discussões para estabelecer uma ou outra soberania, que terminaram com a ocupação britânica de 1833.
Só um destes arquipélagos, as ilhas Malvinas, tem uma população civil nativa permanente (chamados em inglês de kelpers). Geralmente de origem escocesa, esta população se considera a si mesma britânica e apoia o estado atual de soberania sobre estas ilhas. As outras duas estão ocupadas, essencialmente, por cientistas. Em 1965 a Argentina conseguiu que a ONU aprovasse a resolução 2065, qualificando a disputa como um problema colonial e convocando as partes para negociar uma solução; não obstante, as negociações ficaram infrutíferas durante os próximos dezessete anos. De todas as formas, as relações entre a Argentina, o Reino Unido e os habitantes das Ilhas até os finais da década de 1960 e o início da década de 1970 foram excelentes. Tanto assim, que durante grande parte dos anos anteriores à guerra, semanalmente operava uma ponte aérea entre a Argentina e Puerto Argentino/Port Stanley, da qual os insulares dependiam para provisão e assistência médica. Sendo que a pista de aterrissagem original de Puerto Argentino/Port Stanley (feita em alumínio) foi construída pela Força Aérea Argentina.

[editar]A importância das ilhas

Em outros tempos, nestas ilhas existiram importantes postos de caça de baleias, porém a prática provocou o desaparecimento de numerosas espécies de baleias nos mares austrais e fez com que a importância econômica dos três arquipélagos fosse reduzida. O interesse por elas obedece fundamentalmente a três causas:
  1. Tanto a Argentina como o Reino Unido consideram que a soberania sobre estes territórios representa uma questão de orgulho e credibilidade nacional.
  2. O controlo deste arquipélago encerra uma posição estratégica ao seu ocupante sobre o cruzamento austral e o seu tráfego marítimo.
  3. A recente notícia de exploração de petróleo por ingleses, próximo às Malvinas, pode indicar que os britânicos sabiam da existência de combustíveis fósseis na região.

[editar]Compra de armas

Para reforçar os estoques bélicos destinados à guerra, o governo militar utilizou a empresa Aerolíneas Argentinas para transportar armas e munições da Africa do Sul, Israel e Líbia em voos secretos e aeronaves civis modificadas[3].

[editar]A decisão de atacar

ditadura militar que governava a Argentina em 1982 tinha como parte significativa de seu apoio um exacerbado sentido de patriotismo. A questão das Malvinas ocupava um lugar central nesta estrutura ideológica. No início dos anos 1980, o modelo econômico da Junta militar se esgotou, com as consequentes tensões sociais: 90% de inflação anual, recessão profunda, interrupção de boa parte das atividades econômicas, banalização do IVA (imposto ao valor agregado), empobrecimento da classe média, grande aumento do endividamento externo das empresas e do Estado, salário real cada vez mais baixo, aumento da pobreza e de seus efeitos, etc. A substituição do chefe da JuntaJorge Rafael Videla pelo general Roberto Viola e posteriormente pelo general Leopoldo Fortunato Galtieri é o indicativo desta crise econômica, social e política, e era o momento certo em que a decisão de recuperar as ilhas se põe em prática com o objetivo de recuperar o crédito perdido entre os setores sociais sensíveis a este discurso patriótico.
Esta decisão se baseou em três características militares que, a princípio, pareciam certas:
  1. A guarnição britânica nas ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul era reduzida, e a distância em relação à metrópoleimpedia a chegada de reforços a tempo.
  2. A capacidade de guerra anfíbia do Reino Unido a meio mundo de distância não parecia estar à altura destas circunstâncias, apesar do seu grande poderio aeronaval.
  3. Não parecia provável que o Reino Unido realizaria um contra-ataque em grande escala, afetando o território continental argentino — por exemplo, usando seus submarinos nucleares — por uma questão colonial sobre algumas ilhas remotas.
Não obstante, a Junta não teve em conta os elementos geopolíticos e diplomáticos essenciais na hora de tomar tal decisão:
  1. Existiam numerosos conflitos fronteiriços no mundo. No contexto da Guerra Fria, não era provável que a comunidade internacional visse com bons olhos a ação violenta de um deles, pois isso poderia legitimar e, mesmo, desencadear várias guerras regionais nos cinco continentes.
  2. No contexto da Guerra Fria, os Estados Unidos davam mais importância à OTAN, concebida diretamente para deter a URSS, que aoTratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), mais orientado para conter o comunismo na América Latina e percebido como de interesse secundário por Washington.
  3. Uma ditadura de extrema direita não poderia esperar apoio da URSS, nem de nenhum de seus países satélites ou daqueles por ela influenciados, nem tampouco da maior parte das democracias ocidentais, de onde as graves violações dos Direitos Humanoscometidas pela Junta Militar argentina já eram de domínio generalizado da opinião pública.
  4. A Junta subestimou, aliás, as estreitas relações entre os Estados Unidos e o Reino Unido que transcendem o marco da OTAN.
  5. O Reino Unido é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, com direito a veto.
  6. A Junta subestimou a importância que tem para a credibilidade do Reino Unido a manutenção dos territórios coloniais da Comunidade Britânica das Nações (Commonwealth).
  7. 1982 era um ano eleitoral no Reino Unido. Se em algum momento houvesse dúvida em dar resposta ou não a uma invasão, a proximidade dos comícios impediria que um fato humilhante como este fosse resolvido por meio de negociações. Numa pesquisa realizada a poucos dias do início da guerra, 28% da população britânica declarou que «a questão das Malvinas» ia a ser o seu elemento fundamental de decisão de voto.
  8. A Junta subestimou o potencial e a habilidade militar de que por vários séculos foi a Armada mais poderosa do mundo, e particularmente a capacidade de alguns de seus elementos substanciais.
Com esta análise errônea, o Governo argentino articulou um plano para a recuperação militar dos três arquipélagos em disputa, chamado de Operação Rosário, cuja idealização foi obra do almirante Jorge Isaac Anaya, membro da Junta militar presidida por Galtieri, no final de 1981e início de 1982.

[editar]A Operação Rosário

[editar]A última operação em Thule do Sul

Já em 18 de março de 1977, a Armada Argentina havia estabelecido a estação científica Corveta Uruguay na ilha Morrell (grupo Thule do Sul), no arquipélago das ilhas Sandwich do Sul, e estava operando desde então. Esta instalação teve grande repercussão na imprensa argentina, porém o Reino Unido havia optado por ignorá-la, considerando-a irrelevante.

[editar]Movimentos sutis: o desembarque nas Ilhas Geórgia do Sul

Ordem de batalha
Forças argentinasForças britânicas
Força de Operações 60:
(Comandante: capitão C. Trombetta)
• Insignia de navio: transporte polar (B-1) ARA Bahía Paraíso (9.600 t) com 1 helicóptero Puma + 1 Alouette (1978).• Navio de patrulha ártica HMS Endurance (3.600 t), com 2 helicópteros Wasp. (Capitão: Nick J. Barker, CBE.)
• Corveta lança-mísseis A-69 (P-32) ARA Guerrico (1.250 t) com 4 lança-mísseis MM-38 Exocet antinavio (4 mísseis ao todo), 1 canhão de 100 mm + 2 de 20 mm (1978).
• Navio de transporte (B-6) ARA Bahía Buen Suceso (3.100 t, 1951).
• 100 fuzileiros navais embarcados• 22 fuzileiros navais (do 22º Royal Marines) em terra
No final de 1979, um homem de negócios argentino chamado Constantino Davidoff, dedicado ao comércio de sucatas, havia adquirido de uma companhia escocesa os direitos sobre as três antigas estações baleeiras em Leith (ilhas Geórgia do Sul). Nestas ilhas, administradas pelo governador das Malvinas, eram unicamente habitadas pelos cientistas da British Antarctic Survey (BAS: Pesquisa Antártica Britânica), dirigidas por Steve Martin e estacionadas em Grytviken, a uns 40 km de Leith.
Davidoff obteve permissão da embaixada britânica para fazer um porto em Leith junto com os 41 trabalhadores, supostamente com objetivo de exercer o seu negócio. Sem dúvida, entre os trabalhadores estava um grupo de mergulhadores táticos (tropa de elite da Marinha Argentina). A partida chegou a Leith em 19 de Março de 1982 a bordo do navio de transporte de tropas Bahía Buen Suceso, comandado pelo capitão Briatore.
Como é protocolar, Davidoff deveria ter-se apresentado à Martin ao atracar nas ilhas Geórgia do Sul. Não somente deixou de fazê-lo como os «trabalhadores» por ele trazidos hastearam a bandeira argentina em Leith. Inconformado com estes fatos, Martin envia um dos cientistas para conversar com os argentinos e informar-lhes de que pisaram em solo britânico e devem observar certas normas. Ainda não é o momento; a equipe de trabalho obedece e a bandeira é retirada. Não obstante, Martin dá ciência dos fatos ao governador das Malvinas Rex Hunt.
Para o capitão Nick Barker, do HMS Endurance, este incidente foi surpresa. Ele havia passado quinze anos nessas águas e fazia tempo que observava movimentos estranhos por parte dos argentinos, tanto que já havia informado aos seus superiores, embora estes não dessem ouvidos. Decidiu então mandar um de seus helicópteros Wasp para fazer um reconhecimento. A partir do navio Bahía Paraíso os argentinos enviam um helicóptero tipo Alouette em atitude agressiva, com o próprio capitão Trombetta a bordo. Barker retira sua aeronave. Em terra, não obstante, dois royal marines observaram estes movimentos e os notificam ao seu superior em Grytviken, o tenente Keith P. Mills. Na Geórgia do Sul, todo mundo sabe que a guerra iminente. Em Londres, sem dúvida, não. Whitehall notifica a Barker e Mills que se os argentinos tentarem tomar Grytviken, os soldados britânicos devem usar os coletes de combate amarelos, utilizados para operações antiterroristas na Irlanda do Norte.
No dia 29 de Março de 1982, Trombetta levanta âncora e o navio Bahía Paraíso se perde no Atlântico Sul. Em Leith permanecem os fuzileiros navais. Por fim, em 30 de Março, a inteligência britânica se dá conta que é iminente uma operação militar argentina sobre as Malvinas.

[editar]O desembarque nas ilhas Malvinas

Ordem de batalha
Forças argentinasForças britânicas
Força de Operações 40:
(Comandante: vice-almirante Juan Lombardo)Comandante: governador Rex Hunt
• Destróier D-1 Hércules (4.100 t) com 1 lançador MM38-Exocet antinavio (4 tubos), 2 lança-mísseis antiaéreos Sea Dart, 1 canhão de 114 mm, 2 antiaéreos de 20 mm, 2 lançadores triplos de torpedos de 324 mm e 2 helicópteros 2 SH-3H (1976).• Navio civil costeiro Forrest.
• Destróier D-2 Santísima Trinidad (4.100 t) com 1 lançador MM38-Exocet antinavio (4 tubos), 2 lança-mísseis antiaéreos Sea Dart, 1 canhão de 114 mm, 2 antiaéreos de 20 mm, 2 lançadores triplos de torpedos de 324 mm e 2 helicópteros 2 SH-3H (1976).
• Corveta pesada P-31 Drummond (1.250 t) com 1 lança-mísseis MM-38 Exocet antinavio (4 tubos), 1 canhão de 100 mm + 1 de 40 mm (1978).
• Corveta pesada P-33 Granville (1.250 t) com 1 lança-mísseis MM-38 Exocet antinavio (4 tubos), 1 canhão de 100 mm + 1 de 40 mm (1978).
• Submarino S-21 Santa Fé (1.526 t) (ex-USS Catfish SS 339) com 10 tubos lança-torpedos de 254 e 533 mm (1944, modernizado em 1960).
• Navio quebra-gelos de transporte de tropas Q-5 Almirante Irízar (14.900 t) com 2 helicópteros ligeiros (1978).
• Navio de transporte de tropas Isla de los Estados (3.100 t, 1951).
• Navio de desembarque LST Cabo San Antonio (8.000 t, 1944).
• 102 mergulhadores táticos embarcados.• 67 fuzileiros navais (Unidade 8901) em terra.
• 1º e 2º batalhão de fuzileiros blindado (com veículos anfíbios LVTP-7).• 23 membros da Força Voluntária de Defesa.
• Outro número indeterminado de tropas de infantaria do Regimento de Infantaria 25 do exército argentino.
No dia 26 de Março de 1982, uma importante força naval argentina havia partido de Porto Belgrano sob o pretexto de realizar algumas manobras com a frota uruguaia. Na verdade, partiram para as Malvinas, embora o mau tempo os tenha atrasado. No dia 30, a inteligência britânica notifica ao governador Rex Hunt de que a ameaça é real e que se espera a invasão para o dia 2 de abril. Hunt reúne as suas poucas tropas e as envia para a defesa das ilhas. Na manhã do 1 de Abril, apagam o farol e inutilizam o pequeno aeroporto local e seusradares.
Às 21 horas do dia 1 de abril de 1982, 92 mergulhadores táticos argentinos, sob o comando do capitão de corveta Guillermo Sánchez-Sabarots, deixam o destróier Santísima Trinidad e desembarcam em Mullet Creek às 23 horas. Nesta mesma hora, o submarino Santa Fé emerge e envia outros dez mergulhadores táticos para colocar as boias de radionavegação. Quando o Santa Fé emerge, é detectado pelo radar de navegação do navio costeiro Forrest dando início às hostilidades.
À 1h30 do dia 2 de abril de 1982, os homens de Sánchez-Sabarots se dividem em dois grupos. O primeiro, comandado por ele mesmo, se dirige aos acampamentos de infantaria da marinha britânica em Moody Brook para atacá-los. O segundo, sob o comando do capitão de corveta Pedro Giachino, avança até Puerto Argentino com o objetivo de tomar o Palácio do Governador e capturá-lo. Porém os britânicos, de sobreaviso, evacuaram os acampamentos e estão colocados em posições de combate para defender a localidade.
Passado o meio-dia do dia 3 de abril de 1982, a bandeira argentina tremula sobre as ilhas Malvinas, nas ilhas Geórgia do Sul e as ilhas Sandwich do Sul (nestas últimas fazia vários anos). Sucedem grandes manifestações de alegria patriótica por toda a Argentina. Fotos dos soldados britânicos capturados deram voltas ao mundo. Os «terceiro-mundistas» haviam derrotado com sucesso a «superpotência». Os prisioneiros britânicos voltam para casa via Montevidéu. O plano da Junta militar para recuperar o prestígio social parecia ter dado frutos. Sem dúvida, os militares argentinos que foram testemunhas da feroz resistência britânica estão agora mais orgulhosos. Se com apenas uma centena de homens puseram em vários cercos a forças extraordinariamente superiores, o que ocorrerá quando chegar a Marinha Britânica?

[editar]A recuperação das ilhas pela Argentina e a reação britânica

Leopoldo Fortunato Galtieri, presidente de facto da Argentinadurante a Guerra.
Margaret Thatcher, revistando as tropas Militares do Reino Unido, Primeira-Ministra britânica durante a Guerra das Malvinas, considerada a vencedora desta Guerra.

A recuperação das ilhas Malvinas por parte das Forças Armadas Argentinas não foi uma ação brutal. Geralmente respeitaram a população local, se bem que praticariam as correspondentes mudanças detopônimos por suas versões argentinas, adotaram o castelhano como língua oficial e, entre outras mudanças, modificaram o padrão de circulação de veículos para conduzi-los pela mão-direita em vez da esquerda.
Num primeiro momento, a reação britânica foi essencialmente confusa. No dia 2 de abril, o diário The Times de Londres, ao final da primeira página e no início da segunda, perguntava como poderia ocorrer tal episódio já que os serviços secretos britânicos vinham captando as mensagens de telex da Embaixada Argentina nos últimos seis meses. O público do Reino Unido reagiu perante as imagens de alguns «soldados terceiro-mundistas» mostrando os seus compatriotas rendidos no solo, o que fez explodir na Argentina um verdadeiro sentimento patriótico que mudou a configuração política de seu país.
O governo de Margaret Thatcher estava então muito debilitado. Suas duras medidas econômicas de cunho neoliberal, então postas em prática, colocaram-no em confronto com amplas camadas da população britânica. Francis Pym, ministro de Relações Exteriores, não via com bons olhos um conflito com a Argentina pela posse das ilhas remotas do Atlântico Sul. Não obstante a tudo isto, no dia 3 de abril, o Reino Unido conseguiu que a ONU aprovasse a resolução 502, exigindo à Argentina a retirada de suas tropas dos arquipélagos ocupados como condição prévia para qualquer processo de negociação. O Reino Unido também rompeu todas as relações comerciais com a Argentina, e começou a buscar aliados diplomáticos com êxito muito maior que a Junta Argentina.
Durante o conflito bélico, que causou a imediata ruptura das relações diplomáticas entre ambos os países, o Peru representou os interesses diplomáticos da Argentina no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e, por sua vez, a Suíça representou os interesses diplomáticos da Grã-Bretanha na Argentina. Assim, os diplomatas argentinos residentes em Londres se converteram em diplomatas peruanos de nacionalidade argentina, e os britânicos em Buenos Aires, como diplomatas suíços de nacionalidade britânica. Durante o transcurso do conflito, o adido do Serviço de Inteligência britânico à Embaixada peruana em Londres e a seus diplomatas foi tal que originou como respostamensagens de distração.
No dia 9 de Abril, a Grã-Bretanha obteve o pleno apoio da Comunidade Econômica Europeia (hojeUnião Europeia), da OTAN, da Comunidade Britânica das Nações (Commonwealth) e da ONU. Surgem propostas de paz por parte do Secretário Geral das Nações Unidas, o peruano Javier Pérez de Cuéllar, e do presidente peruano Fernando Belaúnde Terry.
Porém, no dia 30 de Março, quando se fez óbvio de que a invasão era um fato, o Governo britânico ordenou que o destróier HMS Antrim, seguido de outros dois navios de superfície e de três submarinos nucleares, se dirigissem à Geórgia do Sul para apoiar o HMS Endurance. O resto das unidades da marinha britânica foi posto em alerta de quatro horas.
Alexander Haig, Secretário de Estado dos Estados Unidos, percorreu milhares de quilômetros tentando evitar a guerra entre seus dois aliados. Não teve êxito. A URSS, por sua parte, se dedicou a observar o decorrer dos acontecimentos com alegria dissimulada: dois aliados dos Estados Unidos, ambos com governos de direita — uma Monarquia Parlamentarista e uma ditadura —, se enfrentavam. Moscou estava consciente de que, cedo ou tarde, Washington teria que escolher um dos dois. Fazendo isto poderia romper a OTAN ou romper o TIAR. Qualquer das duas opções era benéfica aos soviéticos.
Na prática, a neutralidade era impossível. No final do mês de Abril, o presidente norte-americano Ronald Reagan apoiou os britânicos. Ao fazê-lo descumpriu o TIAR, aplicável em casos de guerra, para favorecer a um membro da OTAN. Sua unilateralidade, em vez de manter a neutralidade por pertencer a dois tratados de defesa, lhe valeu o descrédito internacional por flagrante descumprimento dos tratados. Tanto a URSS como Cuba criticaram os Estados Unidos por este abandono do mais fraco, e Fidel Castro chegou a oferecer o seu apoio à Junta Militar argentina.
Existe uma visão dos fatos que considera que o Chile, por sua parte, ao optar por apoiar a Grã-Bretanha, descumpriu também seu compromisso com o TIAR , deixando um de seus postulados permanentes de política exterior na qual era a intangibilidade no cumprimento dos tratados internacionais. Este fato foi, segundo esta visão, o produto das relações muito estreitas cultivadas há anos com a Grã-Bretanha no âmbito da marinha, ao qual se agregam as relações especialmente delicadas entre a Argentina e o Chile, que chegaram em 1978 a uma situação pré-bélica por causa da questão do Canal de Beagle.
É possível que o Chile, nas proximidades da guerra com a Argentina no Conflito de Beagle, tivera poucas opções e mais: exigir o cumprimento dos princípios de não-agressão baseado nas Nações Unidas e constatar que o TIAR[4] descartava em seu "considerando" qualquer apoio a uma ditadura agressora. A partir deste ponto de vista, este novo ímpeto de recuperação da soberania argentina poderia chegar até as fronteiras chilenas reconhecidas pelo multilateral Laudo Arbitral de 1971-1978, porém a Argentina havia declarado nulo de forma unilateral. O Chile não poderia apoiar a Junta nesta agressão, pois mais tarde ela poderia voltar-se contra ele. Por esta razão, as relações entre o Chile e a Grã-Bretanha[5] evoluíram, transformaram-se em cooperação.
Desde os últimos dias de Abril, o Reino Unido contou com todo este apoio diplomático, com a inteligência norte-americana via satélite, com as últimas versões dos armamentos norte-americanos AIM-9L Sidewinder, mísseis Stinger, etc e com dados tecnológicos essenciais do que se considerava —e que se demostraria— a arma mais perigosa dos argentinos: os mísseis antinavio Exocet de fabricação francesa. Há duas versões sobre a conduta dos mísseis Exocet:
1°) o Reino Unido obteve acesso aos códigos para desativá-los em fase operacional, salvo os introduzidos na república do Peru. 2°) não obstante as detalhadas informações obtidas pelo construtor Aérospatiale sobre as características dos Exocet e especificamente sobre seu sistema de pontaria final (homing) ficaram inúteis: este míssil ficou mais perigoso do que se temia e em nenhum momento da guerra puderam estabelecer contramedidas eficazes contra ele.
Não houve declaração oficial de guerra por nenhuma das duas partes; porém, conforme passava o mês de Abril, o mundo viu os dois países entrar em guerra.

[editar]A reocupação: Operação Corporate

Conforme passava o mês de Abril, mais e mais navios da Royal Navy se dirigiam à zona de conflito em uma ação improvisada sob o comando do Lorde Almirante Sir John Fieldhouse que recebeu o nome de Operação Corporate. Seu objetivo era a reconquista das ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul para a Coroa Britânica, e se estenderia desde o dia 9 de Abril de 1982 até o final da Guerra, no dia 14 de Junho de 1982.

[editar]Operação Paraquat: reconquista das ilhas Geórgia do Sul

Ordem de batalha
Forças argentinasForças britânicas
Forças da Operação Paraquat:
Comandante: capitão Brian Young
• Submarino S-21 Santa Fé (1.526 t) (ex-USS Catfish SS 339) com 10 tubos lança-torpedos de 254 e 533 milímetros(1944, modernizado em 1960).• Destróier com mísseis guiados D-18 HMS Antrim (6.800 t) com 1 lança-mísseis Seaslug Mk.2 (2 tubos), 1 lança-mísseis MM-38 Exocet (4 tubos); 2 lança-mísseis Seacat antiaéreos(4 tubos), 1 x 2 canhões de 11,4 mm tipo 45 Mk.6; 2 canhões de 20 mm e 1 helicóptero Westland Wessex com capacidade para lançar torpedos (1970).
• Fragata anti-submarina F-126 HMS Plymouth (2.800 t) com 1 lança-mísseis Seacatantiaéreos, 1 canhão duplo de 40 mm, 1 canhão de 11,4 mm tipo 45 Mk.6 e 1 helicóptero Wasp com capacidade para lançar torpedos (1961, modernizado).
• Fragata F-90 HMS Brilliant (2.800 t) com 1 lança-mísseis MM-38 Exocet (4 tubos), 2 lança-mísseis Seawolf antiaéreos com (6 tubos) guiados por laser, os quais estavam em fase experimental, 2 canhões de 20 mm, 2 lança-torpedos anti-submarinos Mk.44 o Mk.46 (3 tubos) e 2 helicópteros Lynx, Sea King HAS.5 o Merlin (1981).
• Navio de patrulha ártica HMS Endurance (3.600 t), com 2 helicópteros Wasp.
• Navio petroleiro e de suprimentos HMS Tidespring (27.400 t) com casco reforçado para operações polares (1963).
• Submarino nuclear S-48 HMS Conqueror (7.200 t), com 6 tubos lança-torpedos de 533 mm (1971).
• Guarnição: 130 fuzileiros navais.• 42 °Comando royal marines
• Comandos SAS e SBS.
(Comandante: tenente-comandante Luis Lagos)(Comandante: major J.M.G. Sheridan)
Desde o princípio, foi evidente que o primeiro objetivo teria que ser nas ilhas Geórgia do Sul. Não somente havia um navio britânico na área, o HMS Endurance, como também que os dados da inteligência notificavam que a presença argentina nestas ilhas praticamente desabitadas era reduzida. Reconquistar as ilhas Geórgia do Sul proporcionaria um pequeno ponto de apoio terrestre à Frota Britânica, porém sobretudo teria um efeito propagandístico de grande importância sobre a população argentina, britânica e internacional: a Royal Navy chegou. Pelo contrário, um fracasso nesta recuperação poderia implicar graves problemas internos para Margaret Thatcher e o descrédito internacional definitivo do Reino Unido. Denominada Operação Paraquat, consistiu em uma série de improvisações e despropósitos táticos e estratégicos que saiu bem por pura sorte e pela fraqueza das forças opositoras. Dado às críticas desta operação, o almirante Fieldhouse havia organizado em segredo e com uma cadeia de comando distinta da que utilizavam às forças que se preparavam para reconquistar as Malvinas.
O primeiro que chegou, no dia 19, foi o submarino nuclear HMS Conqueror. Sua presença, em princípio, expulsava da área a frota argentina e garantia a segurança do HMS Endurance: o HMS Conqueror era um submarino projetado para combater a armada soviética, com uma tripulação treinada para lutar contra os cruzadores e submarinos russos, pelo que não era provável que nenhum elemento da frota argentina oferecera uma resistência significativa. No dia 20, um avião de cartografia e reconhecimento por radar Handley Page Victor retornava a ilha de Ascensão depois de levantar novos mapas do arquipélago (sempre variáveis devido aos glaciares) e de cobrir 150.000 milhas quadradas de mar. Com 14h e 45 min de duração, trata-se da maior missão de reconhecimento de todos os tempos. Fez mapas estupendos, porém na missão de observação retornou com mãos vazias: a frota de superfície argentina não estava na área.
Durante o dia 21, o restante da força britânica chegou nas proximidades das ilhas Geórgia do Sul. Desde o primeiro momento, pôs em evidencia a pobre gestão da operação: não estava claro quem mandava sobre quem, não atendeu aos experientes cientistas do British Antarctic Survey, perfeitos conhecedores da zona, o que deixou ao 19 °Comando do 22º Regimento do SAS (Special Air Service: serviço aéreo especial, tropas de elite) engajados no glaciar Fortuna em meio a um clima hostil: ventos de quase 200 km/h e ondas de força 11, com o barômetro chegando a marcar os 965 milibares de pressão.
E no dia 23, um fraco eco no sonar localizou a presença do submarino argentino S-21 ARA Santa Fé; todas as operações foram rastreadas de imediato, o HMS Tidespring foi enviado para as águas afastadas, outros dois petroleiros em aproximação se desviaram e a frota britânica se despregou em ordem de combate para interceptá-lo.
A Operação Paraquat havia se transformado em uma operação de resgate de montanha, e houve a estranha perseguição de um submarino diesel-elétrico construído durante a II Guerra Mundial, enquanto as tropas de Lagos e Astiz em Grytviken e Leith permaneciam distraídas ao que se passava.
Resgatar as tropas retidas lhes custou três helicópteros, até que finalmente 16 homens cansados e com frio vieram aterrissar no HMSAntrim a bordo do único helicóptero carregado além de suas especificações. Os britânicos se concentraram agora em achar um ponto de inserção adequado —ouvindo desta vez os conselhos dos cientistas do British Antarctic Survey— e perseguir o Santa Fé.
O capitão Bicain, no comando do Santa Fé, não estava ali por gostar. Suas ordens consistiam em evitar a possível presença britânica para desembarcar os parcos reforços em Grytviken. Por isto, seu submarino estava abarrotado de gente, porém a pouca intimidade era o menor de seus problemas. Ele ordenava evitar a terceira frota do mundo com um navio que vira um dique seco pela última vez em 1960. Estava tão deteriorado que não podia controlar sua profundidade; só tinha duas possíveis posições, na superfície ou submergido a cota fixa. Operar os tubos lança-torpedos implicava o risco de sofrer uma explosão. Frente a isto, estão navios e submarinos pensados para lutar na Terceira Guerra Mundial.
Apesar de tudo, o capitão Bicain fez chegar muito longe. Porém, era uma peleja impossível. Às 11h do dia 25 de Abril de 1982, um helicóptero do HMS Antrim o detectou outra vez e, antes de deixar o local de novo, lançou duas cargas de profundidade tão obsoletas como o submarino ao que dirigia (o único armamento que levava a bordo). Uma delas explodiu muito perto e inundou os tanques de flutuação doSanta Fé, que se viu obrigado a sair da superficie. Agora é um alvo fácil para toda sorte de canhões, mísseis e torpedos, Bicain tratou desesperadamente de chegar a Grytviken.
Os britânicos não iam deixar escapar uma presa tão fácil. Outro helicóptero lançou dois mísseis AS-12. Atingiram na torreta, porém, como foi feito durante a reforma de 1960, havia reconstruído em materiais plásticos, não ofereceu suficiente resistência para ativar a sua espoleta e os mísseis passaram tranquilamente adiante. Ainda o atacaram pela terceira vez, com torpedos dirigidos contra as suas hélices, porém naquela época os torpedos anti-submarinos não explodiram ao alcançar alvos de superficie por razões de segurança. Para assombro de todos, especialmente de seus ocupantes, o Santa Fé veio chegar trabalhosamente a Grytviken e ser evacuado. Ficou avariado e partiu adiante.
Entretanto, as tropas do SAS e do SBS acharam finalmente os pontos de inserção adequados. Na ausência de patrulhas argentinas, simplesmente caminharam até Grytviken e Leith. Ao chegar na primeira, encontraram-se bandeiras brancas fincadas nos edificios. O tenente-comandante Luis Lagos, ao cargo das ilhas Geórgia do Sul, havia decidido não lutar diante de forças tão enormes. Na manhã do dia 26, Lagos firmava a rendição na base do British Antarctic Survey em King Edwards Point. Astiz, responsável pelos quinze mergulhadores táticos em Leith, no aceitou o princípio este fato. Porém, diante do que se tinha acima, pela tarde firmaria também a rendição a bordo do HMS Plymouth, copiando desnecessariamente o ato de Lagos. A imagem de Alfredo Astiz desempenhando os papéis deu a volta ao mundo. A Union Jack rolava de novo sobre as ilhas Geórgia do Sul.

[editar]Black Buck I: bombardeiros nucleares sobre Puerto Argentino

Ordem de batalha
Forças argentinasForças britânicas
• Porta-aviões HMS Invincible e escoltas.
• 2º esquadrão de bombardeiros Canberra operando a partir do território continental argentino.• 2 bombardeiros Vulcan operando a partir da ilhade Ascensão.
• Aviões COIN Pucará estacionados nas ilhas Malvinas.• 800º esquadrão de aviões táticos Sea Harrier na configuração de ataque operando a partir do HMS Invincible.
• 6º esquadrão de caça-bombardeiros IAI Dagger operando a partir do território continental argentino.• 801º esquadrão de aviões táticos Sea Harrier em configuração de patrulha aérea de combate (CAP) operando a partir do HMS Invincible.
• 8º esquadrão de caças Mirage III operando a partir do território continental argentino.
• Defesa antiaérea terrestre nas Ilhas Malvinas.
Apesar de ter tomado as ilhas Geórgia do Sul, o Reino Unido necessitava demonstrar algumas coisas tanto para a Argentina como para a opinião pública internacional. A primeira delas é que dispunha da capacidade de atacar pelo ar tanto as ilhas Malvinas como o território continental argentino. Paralelamente, o almirante Fieldhouse não queria ver jatos inimigos operando a partir do arquipélago. Por tudo isto, foi planejado uma série de operações de ataque a terra contra o aeroporto de Puerto Argentino que se desenvolveria mediante bombardeirosVulcan baseados na ilha de Ascensão.
O bombardeiro nuclear Avro Vulcan ou «bombardeiro V», utilizado nas operações Black Buck.
O Vulcan, um bombardeiro nuclear estratégico, não tinha tanto alcance. Foi necessário planejar complexas operações táticas de reabastecimento de combustível em vôo mediante aviões tanques Victor. Porém, os Victor tampouco iam tão longe, pelo que era necessário reabastecê-los por vez. Em suma, por cada dois Vulcan que chegavam às ilhas Malvinas a partir da Ilha de Ascensão, necessitavam de 11 aviões de reabastecimento em vôo; sendo o ataque mais longe jamais realizado até então.[6]
O primeiro destes ataques foi realizado sobre o aeroporto de Puerto Argentino em30 de abril de 1982 às 8h da manhã, com 21 bombas convencionais de 454 kg (Mk 84) de alto explosivo das quais somente uma acertou a beira da pista.
Mais devastadores tornaram os ataques que se seguiram imediatamente, realizados pelos aviões Sea Harrier do esquadrão 800º operando a partir do porta-aviõesbritânico HMS Invincible que já havia chegado à zona. Atacaram o aeroporto de Puerto Argentino com bombas de fragmentação, causando alguns danos nas infra-estruturas anexas. Porém o maior dano foi realizado no aeródromo de Goose Green, de onde os argentinos haviam estacionado aviões de ataque ligeiro Pucará do 3o. Grupo. Mais ou menos às 8h25min, um dos Pucará ficou destruído, dois danificados sem qualquer possibilidade de reparo e as instalações do aeroporto severamente afetadas. O tenente Jukic morreu a bordo do seu Pucará enquanto tratava de decolar.
Nesse momento, a Força Aérea Argentina já havia reagido e enviou caças Mirage do 8º Grupo, IAI Daggers do 6º Grupo e bombardeirosCanberra do 2º grupo: o destróier HMS Glamorgan e as fragatas HMS Arrow e Alacrity sofreram danos menores, porém o preço pago foi elevado. Nos combates aéreos posteriores aos dois Harriers do Esquadrão 801 se enfrentaram com um número similar de Mirages. As táticas de combate aéreo dos Mirage argentinos foram muito deficientes, já que voavam ao estilo "corpo a corpo" e no confronto os britânicos derrubaram um Mirage, e danificaram outro com disparos de mísseis guiados. No confronto posterior derrubaram um IAI Dagger e um Canberra sem sofrer baixas britânicas, e mesmo assim, acabaram danificando um Turbo Mentor.
O Mirage avariado no combate com os Harrier, pilotado pelo capitão García Cuerva, tenta pousar em Puerto Argentino. Porém, a defesaantiaérea o confunde com um avião britânico e o derruba, o que acabaria com a sua vida; foi um lamentável incidente de fogo amigo. Outros três pilotos argentinos ficaram mortos ou desaparecidos no mar.
Saldo da batalha
Perdas argentinasPerdas britânicas
• Graves danos no aeroporto de Puerto Argentino.• Nenhum.
• Graves danos no aeródromo de Goose Green.
• 1 + 2 aviões táticos Pucará
• 1 + 1 caças Mirage III
• 1 caça-bombardero IAI Dagger
• 1 bombardeiro Canberra
Baixas civis
• 2 mortos + 2 desaparecidos (declarados mortos).• Nenhum.
A Operação Black Buck I teve êxito com um brilhante alcance operacional, porém foi um fracasso quanto aos seus resultados práticos, já que o aeroporto de Puerto Argentino nunca ficou totalmente inutilizado e os vôos de transporte do C-130 Hérculesse mantiveram até à última noite da guerra. Sem dúvida, o Reino Unido havia demostrado sua capacidade para atacar o arquipélago, inclusive o território continental argentino, a partir de bases tanto em terra como no mar, assistindo ao segundo golpe propagandístico e destruindo várias aeronaves no ar e em terra, tudo isto sem sofrer nenhuma perda. Porém, o almirante Fieldhouse queria algo mais.

[editar]O afundamento do ARA General Belgrano

ARA General Belgrano afundando após ser torpedeado por um submarino inglês.
Ordem de batalha
Forças argentinasForças britânicas
Força de operações 79.3:
• Cruzador (C-4) General Belgrano (12.242 t), com 15 canhões de 152 mm, 8 canhões antiaéreos de 127 mm, vários canhões antiaéreos de 40 mm e de 20 mm, 1 lança-mísseis antiaéreo Sea Cat e 2 helicópteros (1938, atualizado en 1968).• Submarino nuclear S-48 HMS Conqueror (7.200 t), com 6 tubos lança-torpedos de 533 mm (1971).
• Destróier (D-26) ARA Hipólito Bouchard (3.315 t) com 4 lança-mísseis antinavio com um míssil MM-38 Exocet cada um, 6 canhões de 127 mm, 23 canhões antiaéreos de 40 mm e de 20 mm, 10 lançadores de cargas de profundidade e 10 tubos lança-torpedos de 533 mm (1944, atualizado em 1976).
• Destróier (D-29) ARA Piedra Buena (3.315 t) com 4 lança-mísseis antinavio com um míssil MM-38 Exocet cada um, 6 canhões de 127 mm, 23 canhões antiaéreos de 40 mm e de 20 mm, 10 lançadores de cargas de profundidade e 10 tubos lança-torpedos de 533 mm (1944, atualizado em 1979).
Se bem com a chegada da Royal Navy e a inutilização do submarino Santa Fé, a frota argentina havia deslocado para posições mais próximas do continente. O almirante Fieldhouse desejava firmemente ser atracada no porto. Não estava disposto a arriscar seus preciosos navios em batalhas navais como as da Segunda Guerra Mundial. Para isto, necessitava provocar um golpe brutal, algo que convencera aos seus almirantes e a Junta de que sair ao mar era a pior das idéias possíveis. Também fazia falta um golpe propagandístico definitivo do que oferecer a Londres, mais além da recuperação de ilhotas obscuras e o êxito das operações de bombardeio todavia meio secretas.
Para o dia 30 de abril, as unidades mais relevantes da força de operações britânica já haviam configurado dois grupos de operações na zona das Malvinas, compostos por dois porta-aviões (HMS Hermes e HMS Invincible), quatro destróiers (HMS Glamorgan, HMS Conventry, HMS Glasgow e HMS Sheffield), quatro fragatas (HMS Broadsword, HMS Alacrity, HMS Arrow e HMS Yarmouth) e dois navios petroleiros e de suprimentos (Olmeda e Resource). Com sua posição assim consolidada, o Reino Unido declarou uma «zona de exclusão total» (TEZ) de 200 milhas náuticas ao redor do arquipélago, cujo centro não estava bem definido. Qualquer navio ou aeronave argentina que passar dentro destas águas poderia ser atacado sem prévio aviso. O certo é que, como temos visto, a frota argentina havia decidido retirar-se da área por iniciativa própria em três grupos muito dispersos. O General Belgrano e suas duas escoltas patrulhavam o Banco Burdwood, situados no limite sul desta zona de exclusão. Não parece provável que navios tão antigos cometeram a imprudência de penetrar na zona proibida. Naquele mesmo dia, foram detectados pelo submarino nuclear HMS Conqueror, procedente da reconquista das ilhas Geórgia do Sul.
Londres havia preferido ter colocado o 25 de Mayo, único porta-aviões da Marinha Argentina como alvo. O General Belgrano, sem dúvida, era o segundo maior navio do Grupo de Tarefas 79 (nome dado à Frota Marítima argentina durante o conflito das Malvinas. Ao meio-dia do dia 2 de Maio de 1982, e apesar de haver uma proposta de paz do Presidente em suas mãos, o governo de Margaret Thatcher autorizou o afundamento do General Belgrano com seus 1.093 tripulantes.
Às 15h do dia 2 de Maio de 1982, com ondas de 12 m de altura, ventos de 120 km/h e temperatura ambiente em torno de -10 °C , o capitão do HMS Conqueror, Chris Wreford-Brown ordenou o desfecho de combate e carregar os tubos lança-torpedos com os obsoletos Mk 8 (considerados mais confiáveis do que os novos Tigerfish).
Cada um destes torpedos não guiados carregava 363 kg de alto explosivo. Em nenhum momento o grupo de tarefas 79.3 se deu conta de que o ataque era iminente. Às 16h, e a curta distância, Wreford-Brown deu a ordem de disparar os três torpedos. Um deles poderia alcançar o Hipólito Bouchard, porém errou o alvo. Os outros dois acertaram em cheio o General Belgrano. O primeiro acertou a sala de máquinas de popa às 16h01min, abrindo um rombo de 20 m no casco, partindo a quilha e matando 272 tripulantes. O segundo acertou na proa, o que fez desaparecer 15 m do barco, porém aparentemente sem causar vítimas.
O navio estava perdido. Às 16h24min, o capitão Héctor Bonzo ordenou evacuá-lo. Seu destróier de escolta Piedra Buena se lançou à caça do submarino inimigo, porém Wreford-Brown escapou facilmente de um navio tão antigo. Não obstante, durante os dias seguintes haveria tentativas sucessivas de afundar o HMS Conqueror, todas elas sem sucesso. Voltaria ao Reino Unido depois da guerra, tremulando a Jolly Roger (a bandeira pirata preta com a caveira e os dois ossos cruzados brancos, símbolo de vitória na Marinha Britânica desde os princípios da Idade Moderna).
323 marinheiros argentinos perderam a vida (a metade do total de mortos argentinos durante o conflito) em consequência do afundamento do General Belgrano, acontecimento este que não foi bem recebido no cenário internacional. Em muitos países consideravam isto como uso desproporcionado da força sobre um navio obsoleto, com muitas tripulações a bordo —em boa parte, marinheiros recrutas— e fora da TEZ, reforçando as posturas pacifistas em governos e cidadãos de todo o mundo. Não obstante, no Reino Unido foi ocasião de comemorações populares e primeiras-páginas de jornais como esta do diário The Sun. Por outro lado, outros meios de imprensa, começaram a assumir posturas moderadas e inclusive contrárias à guerra, diante de tal perda de vidas. Há posições que consideram o afundamento do General Belgrano como um crime de guerra, já que este se encontrava fora da zona de exclusão imposta pelo Reino Unido no momento em que afundou.
Saldo da batalha
Perdas argentinasPerdas britânicas
• Cruzador C-4 General Belgrano afundado,
junto com o helicóptero Alouette.
• Nenhuma.
Baixas humanas
• 323 mortos.• Nenhuma.
Ainda que os planos navais argentinos tinham sido frustrados, todavia a Argentina escondia uma coisa debaixo dos seus panos: a sua Força Aérea, que a partir do afundamento do General Belgrano começaria a infligir importantes baixas sobre à Força Tarefa Britânica.

[editar]O Exocet entra em cena: o afundamento do HMS Sheffield

Ordem de batalha
Forças argentinasForças británicas
• Força de operações da Marinha Real:
• 1 avião de reconhecimento P-2 Neptune.• 2 porta-aviões (HMS Hermes y HMS Invincible).
• 2 aviões táticos Super Étendard (2ª Esquadrilha Aeronaval de Caça e Ataque) equipados com mísseis Exocet.• 5 destróiers lança-mísseis (HMS Antrim, HMS Glamorgan, HMS Conventry, HMS Glasgow e HMS Sheffield).
• 1 grupo de IAI Daggers em missão de escolta armada.• 4 fragatas (HMS Broadsword, HMS Alacrity, HMS Arrow e HMS Yarmouth).
• 2 aeronaves auxiliares.• Numerosos navios auxiliares.
• Várias patrulhas aéreas CAP compostas de aviões Sea Harrier.
Em Buenos Aires fazia muito frio, e não somente pela proximidade do inverno austral. O que começou como uma grande aventura patriótica para recuperar o prestígio social estava convertendo rapidamente em um fracasso. Apesar da férrea censura de informações imposta pela ditadura, o entusiasmo entre as camadas populares sensíveis a este tipo de ações se esfriava tão depressa como o clima bonairense. Rapidamente um mês depois das celebrações populares pela recuperação dos arquipélagos, e apesar de toda a propaganda, nada se escapava, já que o regime havia lançado represálias contra uma grande potência e esta havia aceito o desafio. Para a Junta, devolver os golpes recebidos como um fato espetacular se converteu em uma prioridade absoluta. Tal fato não podia ser outro além do afundamento de um grande navio de guerra britânico, sob as camadas populares e uma vingança pelo afundamento do General Belgrano. Com uma guerra em grande escala em marcha, era essencial devolver a esperança à gente e fazer-lhes crer na vitória.

Antes de por em prática em seus portos, a frota argentina havia determinado com bastante precisão a área geral de operações de dois grupos de batalha britânicos pelo procedimento de detectar suas transmissões radioeletrônicas. Na manhã do dia 4 de Maio de 1982, um avião de patrulha P-2 Neptune da Força Aeronaval Argentina (COAN) estabelece por radar as posições da Força de Operações britânica. De imediato, dois aviões de fabricação francesa Dassault-Breguet Super Étendard da 2º Esquadrilha decolaram de Río Grande às 09h45min com um míssil Exocet AM.39 cada um para, quando estarem no céu, realizar um grande voo semicircular que os aproxime aos navios inimigos, sendo pilotados pelos capitães Augusto Bedacarratz e Armando Mayora. Por trás disto, um grupo de IAI Daggers para dar-lhes cobertura ar-ar e um Learjet em missão de alerta.
Havia um problema com os Exocets. Eles acabavam de chegar da França e, devido ao embargo imposto pela OTAN contra a Argentina, os instrutores franceses não se haviam apresentado. Os técnicos da Base de Río Grande tinham em suas mãos armas muito sofisticadas… só que eles não sabiam como usar. Sem dúvida, eles não se desencorajaram e fizeram o possível para aprender todos os seus segredos, lendo os seus manuais e foram desmontando e montando algumas partes do míssil, cuidadosamente. Quando finalmente os instalaram a bordo dos Super Étendard, não estavam muito seguros de que eles realmente funcionariam.
Por outro lado, o Reino Unido prossegue suas operações militares. Executa a segunda série de bombardeios Black Buck sobre as Malvinas, buscam o submarino San Luis que está na área, supervisionam de longe as operações de resgate da tripulação do General Belgrano e de suas aeronaves e se aventuram até às proximidades da costa argentina para inspecionar possíveis objetivos, apesar de que a Junta establecia por sua vez uma zona de exclusão. É uma superpotência, fazendo a guerra "segundo o manual". De longe, no mar, ao leste das Malvinas, os dois porta-aviões e seus navios auxiliares atuam de retaguarda avançada, bem protegidas do cerco das fragatas com seus mísseis de curto alcance Sea Wolf e, a umas 20 milhas náuticas, pelos destróieres do tipo 42 (entre os que acompanhvam o HMS Sheffield) com seus sofisticados radares e seus mísseis de médio alcance Sea Dart, apoiados por sua vez pela fragata HMS Yarmouth.
Às 10h35min, O P-2 Neptune faz uma última subida a 1,2 km de altitude e localiza um alvo grande e dois pequenos nas coordenadas 52º33'55" Sul e 57º40'55" Oeste. Retransmite as informações a Bedacarratz e retorna a base.
Às 10h50min, os dois Super Étendards —que vinham voando acima da crista das ondas— realizaram uma pequena subida a 160 m de altitude para confirmar as coordenadas fornecidas pelo Neptune, porém não encontraram nada. Bedacarratz decide continuar. Quarenta km mais adiante voltam a tentá-lo e logo ali estão. Um alvo grande e três pequenos. Voltaram a voar bem baixo pelo local, carregaram os dados nas ogivas dos AM.39 Exocets e os dispararam às 11h04min. Depois de fazê-los, deram a volta para retornar a Río Grande. Os lançamentos foram realizados em altitude muito baixa, com mísseis montados sem qualquer assistência do fabricante e justamente no limite do alcance nominal dos Exocet: quase 50 km. Por estes motivos, durante o regresso Bedacarratz e Mayora duvidaram de que a complexa missão tinha servido de algo.
Ainda hoje, os sucessos seguintes são motivos de disputa. O único fato seguro é de que, às 11h07min do dia 4 de Maio de 1982, um dos dois mísseis Exocet atinngiu em cheio o destróier HMS Sheffield, o navio mais moderno da Royal Navy. Algumas fontes disseram que a ogiva de guerra não detonou, e o que se produziu foi um incêndio causado pelos gases de combustão do Exocet, que se espalhou rapidamente. O capitão do Sheffield, ao sair, assegura que o míssil explodiu, destruindo o centro de operações e o de engenharia. Seja como for, em poucos segundos, o moderno destróier estava em chamas. 22 homens morreram e 24 ficaram gravemente feridos, entre eles o chefe de informática que tratava de por os computadores em marcha de novo sem sucesso.
A principal razão era de que o HMS Sheffield e a fragata HMS Yarmouth não detectaram a presença do Exocet, até que um marinheiro de primeira viagem o viu aproximar-se, 4 segundos antes do impacto, permanece oculta. Uma versão diz que nesse momento estavam realizando as retransmissões via satélite, que faziam o radar ficar cego. Outra, que os monitores do radar o identificaram como um projétil amigo devido a sua origem francesa. Ainda uma outra, que afirma que a tripulação dos navios britânicos ficaram demasiadamente confiada, com o alerta muito fraco. Tudo isto ficava incompreensível, apesar de os britânicos terem levado toda a manhã detectando as transmissões do Neptune e inclusive havia já uma patrulha de Harriers no ar para interceptá-lo. Apesar de tudo, o Exocet só fez aquilo para o que foi fabricado: aproximar-se subrepticiamente a um navio de alta tecnologia e afundá-lo sem prévio aviso.
Mais controvertido ainda é que o ocurreu com o segundo Exocet. A versão geral é que falhou o seu alvo e se perdeu. Sem dúvida, marinheiros a bordo do Yarmouth asseguram que o viram passar diante de seus olhos. A pouca atividade que o porta-aviões HMS Hermes empregou na guerra a partir desse momento fez pensar a alguns que aliás o segundo Exocet dedicara ao "alvo grande" dos radares.
Rapidamente, vários navios pediram ajuda ao HMS Sheffield. Evacuaram os sobreviventes e lograram controlar o incêndio. Não obstante, o navio estava à deriva, já perdido. Tentaram rebocá-lo de volta ao Reino Unido, porém se afundou no caminho.
Saldo da batalha
Perdas argentinasPerdas britânicas
• Nenhuma.• Destróier HMS Sheffield afundado.
Baixas humanas
• Nenhuma.• 20 mortos e 24 feridos graves.
A notícia deu a volta ao mundo. A «soldadesca terceiro-mundista» de que falava a imprensa londrina — uns com desprezo, outros com lástima — acabava de abater o navio mais moderno da frota britânica. O frio se estendeu agora por Whitehall, apesar de que no Hemisfério Norte brilhava a primavera. Foi um duríssimo golpe no prestígio britânico ante as nações, que reviveu com as celebrações patrióticas na Argentina, de onde Bedacarratz e Mayora foram recebidos como heróis, e deu uma máscara de oxigênio à Junta. A "questão das Malvinas" se converteu prontamente na "crise das Malvinas". O Exocet ganhou fama entre o público de todos os países, assistindo pela primeira vez a uma guerra aeronaval baseada no uso de mísseis. Com a maior descrição possível, o almirante Fieldhouse afastou as suas unidades da costa tanto quanto foi possível, o qual significava um grave problema, porque o seu propósito era exatamente o contrário: dominar as águas ao redor das ilhas Malvinas e reconquistá-las. Impunha-se uma aproximação diferente.

[editar]Guerra marítima

Já conscientes de que eles enfrentavam um oponente muito perigoso, a partir do dia 10, numerosos navios de guerra e de apoio britânicos saíram do Reino Unido para reforçar a Força Tarefa deste país e ajudar ao desembarque previsto nas ilhas Malvinas no final do mês. Por sua parte, a Argentina teve de manter-se geralmente na expectativa, sobretudo tratando de reforçar a guarnição no arquipélago e garantir a segurança das comunicações com o continente. No dia 15, teve que retirar do serviço os aviões de reconhecimento P-2 Neptune por ser obsoleto e por falta de peças de reposição, o que deixou à nação austral sem os «olhos eletrônicos» mais capazes das Malvinas. Em geral, o Reino Unido se preparava para a reconquista e a Argentina esperava a tentassem. Sugeriram-se vários planos de paz; porém, ambos os lados negavam-se a aceitá-los por diversas razões. Ficou claro de que a intensidade do conflito seria mais violenta.
Este período de preparativos, que se estenderia até o 21 de Maio, esteve salpicado de cuidadosas ações aeronavais. Por trás da experiência do HMS Sheffield, o almirante Fieldhouse não se sentia tentado a aproximar seus navios mais valiosos às Malvinas; serão as fragatas quem poderiam arcar com a perigosa tarefa de permanecer nas águas malvinenses para denegrir a Argentina na medida do possível e dar apoio aos aviões que operam na área.
Sucedem-se vários incidentes, em que ambas as partes perdem aviões, e à Argentina, alguns pequenos barcos de transporte, de carga e de reconhecimento. As unidades britânicas incrementam nitidamente o seu nível de agressividade, chegando a atacar pelo menos em duas ocasiões as embarcações e aeronaves de salvamento argentinas, atos esses que acabaram ferindo os princípios mais elementares do Direito Internacional.
No dia 12, aviões A-4 Skyhawk argentinos tentaram destruir com bombas o HMS Glasgow e o HMS Brilliant, que se encontravam bombardeando Puerto Argentino. O ataque resultou num fracasso, com a perda de 4 aviões (um deles por fogo amigo). Apesar disto, o Glasgow recebe o impacto de uma bomba que não chegou a detonar, porém causou danos suficientes para obrigá-lo a voltar ao Reino Unido.
No dia 14, uma operação de tropas SAS em ilha Borbón (Peeble Island), apoiada pelos navios HMS Hermes, HMS Broadsword e o HMS Glamorgan obtiveram um grande êxito ao destruir os 11 aviões ali estacionados. Esta operação marca o início da escalada da atividade militar britânica. Os bombardeios costeiros ficaram mais intensos. Os argentinos compreendem que a invasão é iminente e se preparam para a defesa.
Um incidente que pôs em evidência a cooperação chilena com o Reino Unido aconteceu no dia 18. Ao amanhecer, descobriram os restos de um helicóptero britânico Sea King (ZA-290) abandonado e destruído pelos seus ocupantes próximo à Punta Arenas, Chile. Desde o lado argentino se argumentou que este helicóptero procedia do país andino, porém atualmente sabe-se que se tratava de um abre-alas da Operação Mikado. A Operação Mikado era uma ação praticamente suicida, ao cargo do esquadrão B do SAS, destinada a destruir os aviões Super Étendard e os mísseis Exocet da 2ª Esquadrilha em Río Grande. A partir da destruição do HMS Sheffield, colocar e eliminar estes perigosíssimos mísseis se converteu em uma prioridade tão alta para o Almirantado Britânico que justificava qualquer tipo de sacrifício. A visão de que eles não compartilhavam os homens que de fato iam sacrificar-se, que eram soldados veteranos e corajosos; porém, o que eles compreendiam é que estavam caminhando para a morte.
Não obstante, às 00h15min do dia 18 de Maio, o tenente Hutchings — engajado no HMS Hermes — decolou do HMS Invincible com seu helicóptero Sea King ZA-290 e um grupo de 9 soldados de elite. Sua missão era penetrá-los nas proximidades da base de Río Grande, donde estavam os Super Étendards com seus Exocets, para observar seus movimentos e preparar a chegada de duas lanchas com 50 soldados que destruiriam com bombas esta base essencial para Argentina. Depois seriam evacuados ou fugiriam até o Chile, de onde a regime autoritário de Augusto Pinochet havia garantido em segredo apoio para serem evacuados. Já dias antes havia chegado ao Chile um certo capitão Andrew H. sob cobertura diplomática, para realizar um reconhecimento preliminar. Seus movimientos não foram restringidos em nenhum momento. Reagan havia advertido a Thatcher de que uma operação assim em território continental argentino poderia envolver na guerra os outros países do TIAR, como Peru e Venezuela, porém evidentemente o governo britânico optou por ignorar esta consideração e as objeções de suas próprias unidades de comandos.
Tal como eles temiam, o ZA-290 foi detectado por radares argentinos, e o tenente Hutchings decidiu cancelar a operação e dirigir-se diretamente ao Chile. Sem combustível, pousaria na praia de Água Fresca, já em território chileno. Foi abandonado e destruído por seus ocupantes, porém o certo é que estes retornaram ao Reino Unido por voo regular e sem nenhum problema, o que confirmaria a implicação chilena no conflito do lado britânico (oficialmente, "renderam-se às autoridades chilenas", porém em nenhum momento os tratou como prisioneiros de guerra, mas sim, como combatentes aliados). O general chileno Fernando Matthei confirmou em uma entrevista concedida ao Centro de Investigação e Documentação da Universidade Finis Terrae em 1999 que durante toda a guerra existia uma constante cooperação do mais alto nível com o Reino Unido, pois "temiam ser os seguintes". Pouco antes, Margaret Thatcher também o faria público para defender a Pinochet durante sua estada no Reino Unido. O helicóptero de apoio, um outro Sea King com matrícula ZA-292, retornou ao HMS Invincible. A Operação Mikado foi cancelada e o Almirantado prosseguiu com os seus planos de reconquista sob a ameaça dos Exocet.
Em efeito, no dia 18, o governo britânico deu ao almirante Woodward o sinal verde para um desembarque na costa leste do Estreito de San Carlos, que separa as duas ilhas principais do arquipélago malvinense. Uma operação arriscada que obrigará os navios a entrar em um estreito rodeado de montanhas; o lugar perfeito para sofrer ataques a baixa altitude por parte da aviação argentina.

[editar]O Dia D: Operação Sutton

Ordem de batalha
Forças argentinasForças británicas
• Força de desembarque da Marinha Real:
• 1 destróier lança-mísseis (HMS Antrim).
• 6 fragatas (HMS Ardent, HMS Argonaut, HMS Brilliant, HMS Broadsword, HMS Yarmouth e HMSPlymouth).
• 2 navios de assalto (HMS Fearless e HMS Intrepid).
• 5 navios de desembarque (Sir Percival, Sir Tristram, Sir Geraint, Sir Galahad e Sir Lancelot).
• 4 navios de apoio logístico (Europic Ferry, Norland, Fort Austin e Stromness).
• 1 transatlântico para transporte de tropas (Canberra).
• Outros navios e aviões em operações de ataque e apoio cerrado.
•Guarnição de San Carlos.• Esquadrão D de comandos SAS.
•Guarnição de Darwin.• 40º, 42º e 45 °Comandos da 3ª Brigada de Comandos.
• 2º e 3º de Paraquedistas.
Área de desembarque (topônimos ingleses).
Zonas de desembarque (topônimos ingleses).
Ao anoitecer do dia 20 de maio de 1982, 12.000 soldados argentinos bem equipados de material sabiam que o ataque britânico era iminente, pois durante os dois dias anteriores já vinham observando numerosas detecções no radar e um forte incremento da atividade inimiga. Pela manhã, o Secretário Geral da ONU Javier Pérez de Cuéllar reconhece o fracasso de suas gestões em favor da paz. Uma proposta peruana é também rechaçada. Segundo as informações do capitão Roberto Vila, destinado ao arquipélago: No dia 20 continuam as novas missões, com o capitão Grünert e o tenente Calderón. Às 18h30min, apareceram ecos de radar dos dois helicópteros que logo foram vistos pela Rede de Observadores Aéreos. Às 22h30min, houve alarmes de iminentes ataques e desembarque aerotransportado; nesse dia os soldados dormiram com o FAL carregado.
Esta importante força militar sofria uma fraqueza essencial: uma parte significativa estava composta por infantaria de recrutamento obrigatório, não voluntários profissionais. Entre eles, inclusive, havia estudantes dissidentes com o regime que foram enviados de castigo, e cuja moral de combate era evidentemente baixa. As comunicações navais com o continente estavam cortadas, e as comunicações aéreas sofriam graves alterações em suas operações devido à constante presença de patrulhas de caças inimigos. Não obstante a isto, a Força Aérea Argentina esteve à altura das circunstâncias e manteve o contingente no arquipélago abastecido até a última noite da guerra, apesar de condições tão adversas.
Em torno deles, a prática totalidade da Royal Navy: mais de 120 navios, 33 deles navios de guerra de primeira linha, com vários milhares de soldados profissionais e de elite preparando-se para o desembarque. Os submarinos britânicos já eram completamente donos de todas as águas ao redor das Malvinas, pelo que a frota argentina permaneceu no porto. Não obstante essa superioridade tecnológica e militar britânica, a guarnição das Malvinas e a Força Aérea Argentina prepararam-se para a defesa. Acreditavam ter uma oportunidade e de fato a tinham.
Durante a noite do dia 20 de Maio de 1982, a operação Sutton, dirigida pelo contra-almirante Woodward e o comodoro Clapp, pôs-se em marcha. Dezenove navios da Marinha Real (o transatlântico Canberra, os navios de assalto Fearless e Intrepid; os navios de desembarque Sir Percival, Sir Tristram, Sir Geraint, Sir Galahad e Sir Lancelot; os navios de apoio logístico Europic Ferry, Norland, Fort Austin e Stromness; escoltados pelo destróier Antrim e as fragatas Ardent, Argonaut, Brilliant, Broadsword, Yarmouth e Antelope) dispersaram-se pelo Estreito de San Carlos. Às 1h do dia 21 de Maio de 1982, as primeiras tropas britânicas chegavam em terra na Baía de San Carlos, ao extremo ocidental da Ilha Soledad (de onde está a capital Puerto Argentino). Sem encontrar resistência, estabeleceram rapidamente três cabeças de praia e avançam até a localidade de San Carlos, de onde produziriam as primeiras lutas. Entretanto, diversas unidades aeronavais britânicas realizam ataques de apoio cerrado em outros pontos do arquipélago, bombardeavam alvos selecionados e enviavam tropas para Darwin e Goose Green.
Saldo da batalha
Perdas argentinasPerdas britânicas
• Nenhum.• 2 helicópteros Gazelle derrubados.
• 1 avião tático Harrier GR.3 derrubado.
Baixas humanas
• Não precisas (poucas).• Pelo menos 4 mortos.
Resultados estratégicos
• 3 cabeças de praia britânicas
na Baía de San Carlos.
• Guarnições de Darwin e de
San Carlos imobilizadas.
A decisão de desembarcar pelo Estreito de San Carlos foi muito controvertida, sobretudo à luz de suas consequências. Por um lado é certo que as montanhas circundantes pareciam proteger as unidades britânicas e pô-las a salvo dos radares inimigos. Porém, pelo outro lado, a aviação argentina já havia demonstrado em ocasiões precedentes ser muito capaz de aproveitar esta classe de obstáculos em seu próprio beneficio; aliás, este desembarque afastava as unidades implicadas da força principal situada ao Leste da Ilha Soledad. Um ataque direto sobre Puerto Argentino ou aos suas periferias não teria sido adequado, pois ali se concentrava a maior parte da guarnição argentina, porém muitos historiadores não explicam por que Woodward e Clapp escolheram um dos três piores lugares possíveis para iniciar o ataque. Seja como for, assim ocorreu. E pagaram caro pelas consequências.
Às 9h, um Aermacchi MBB 339 argentino utilizou pela primeira vez as características geográficas do Estreito de San Carlos para sobrevoar à força de desembarque britânica sem ser derrubado. Este aparato confirmaria que se falavam ante o «Dia D» das Malvinas, e inclusive fez alguns disparos com seus lança-foguetes Zuni, provocando danos menores na fragata Argonaut. Apenas meia hora depois, a Força Aérea Argentina ficava ao seu encargo os seus aviões para responder com uma série de ataques de excepcional ousadia que rebatizariam o Estreito de San Carlos como «o corredor das bombas». Era o momento que demoravam um mês esperando. E esta era a sua oportunidade.

[editar]O Dia D: O corredor das bombas ou O Vale da Morte

Ordem de batalha
Forças argentinasForças britânicas
• Força de desembarque da Marinha Real:
• 20 aviões táticos IAI Dagger (do grupo 6º) armados com bombas de 250 e de 500 kg• 1 destróier lança-mísseis (HMS Antrim).
• 30 aviões táticos Skyhawk (do grupo 5º) armados com bombas de 250 e de 500 kg• 6 fragatas (HMS Ardent, HMS Argonaut, HMS Brilliant, HMS Broadsword, HMS Yarmouth e HMS Antelope).
• 6 caças Mirage III (do grupo 8º) armados com mísseis Magic em função de escolta.• 2 navios de assalto (HMS Fearless e HMS Intrepid).
• Diversas aeronaves de apoio em retaguarda.• 5 navios de desembarque (Sir Percival, Sir Tristram, Sir Geraint, Sir Galahad e Sir Lancelot).
• 4 navios de apoio logístico (Europic Ferry, Norland, Fort Austin e Stromness).
• 1 transatlântico para transporte de tropas (Canberra).
• Patrulhas CAP compostas por aviões Sea Harrier.
•Guarnição de San Carlos.• Armas antiaéreas de infantaria.
Sem dúvida, Woodward e Clapp esperavam algum tipo de reação argentina. Para o que não estavam preparados, segundo demostraram os acontecimentos, foi para as furiosas formações de ataques aéreos que choveram bombas por cima das tropas inimigas durante as cinco horas seguintes.
Trouxe um primeiro ataque sem consequências ao cargo de dois Daggers às 10.25, e posteriormente seguiram cinco minutos depois a duas esquadrilhas de três Dagger cada uma. Com seus canhões e bombas danificaram severamente a fragata HMS Broadsword e deixaran fora de serviço (com uma bomba sem explodir a bordo) o destróier HMS Antrim, perdendo um avião com um míssil Sea Cat da Plymouth.
Quase simultaneamente cinco A-4B Skyhawk do Grupo 5 de Caça lançaram sobre a Argonaut, danificando-a gravemente com duas bombas de meia tonelada que não explodiram. Uma hora mais tarde, dois A-4B se adentraram no estreito, bombardeando erradamente o casco avariado do navio Río Carcarañá, entretanto que o líder atacava sem sucesso a fragata Ardent. Ao mesmo tempo quatro A-4C do Grupo 4 de Caça eram interceptados por uma PAC, que derrubou com seus Sidewinder a dois deles: ambos os pilotos perderam a vida.
Produziram então uma trégua que terminou abruptamente às 14h40min. Três Dagger (o quarto avião havia sido derrubado por um Sea Harrier pouco antes sem que os seus companheiros o notaram) descobriram que a Ardent que navegava rumo ao norte e a alcançaram com duas bombas, uma das quais explodiu, destruindo o helicóptero Lynx e o lançador de mísseis Sea Cat e matando quatro homens.
Cinco minutos depois, outros três Daggers atacaram com fogo de canhão a fragata Brilliant, deixando alguns feridos e danos menores: por outro lado, pouco depois a esquadrilha de Daggers foi aniquilada sobre a Grande Malvina pelos Sea Harriers, embora felizmente os três pilotos puderam ejetar-se.
Finalmente, às 15h10min três A-4Q Skyhawk da 3° Esquadrilha da aviação naval fizeram a sua aparição e descobriram a malsucedidaArdent, que tentava desesperadamente unir ao grosso dos britânicos. De imediato a atacaram, alcançando-a com várias bombas de ação retardada Snakeye de 227 kg. A formação argentina foi imediatamente interceptada por um PAC, que derrubou dois aviões e avariou o terceiro de tal forma que o piloto ejetou da cabine do avião sobre Puerto Argentino/Port Stanley diante da impossibilidade de aterrissar.
Sem dúvida o ataque havia firmado a sentença de morte da Ardent: com 22 mortos e 37 feridos a bordo, os incêndios espalhando impiedosamente e a água do mar penetrando em grande velocidade na linha de flutuação, só ficava uma decisão por tomar. A fragataYarmouth foi colocada junto à Ardent e procedeu a evacuação dos feridos e ao resto da tripulação. Depois de arder em chamas durante horas, o navio afundou às duas horas da madrugada do dia seguinte.
Entretanto, os navios de desembarque dentro da baía de San Carlos seguiram levando unidades de combate à terra. Desembarcam oscarros de combate de The Blues and the Royals e as quatro baterias de canhões de 105 mm do 29 °Comando e do 4º Regimento. Os sobreviventes da Ardent são transportados ao transatlântico Canberra. O desembarque foi feito com êxito. Porém a um preço elevadíssimo.
Saldo da batalha
Perdas argentinasPerdas britânicas
• 5 aviões IAI Dagger.• Fragata HMS Ardent afundada.
• 6 aviões Skyhawk.• Fragata HMS Argonaut severamente danificada.
• Destróier lança-mísseis HMS Antrim e a fragata HMS Brilliant consideravelmente danificados.
• Fragata HMS Broadsword e HMS Alacrity levemente danificadas.
• 3 aviões Pucará e um helicóptero CH-47 Chinook (em ações paralelas)• 2 aviones Sea Harrier.
Baixas humanas
• Pelo menos 12 pilotos mortos.• Pelo menos 29 mortos e numerosos feridos.

[editar]Terra, água, ar e fogo

Em terra, o desembarque na Baía de San Carlos proseguia ininterruptamente. Durante os dias 22 e 23, as tropas inglesas asseguraram numerosos pontos táticos essenciais e acumularam grandes quantidades de armas e suprimentos chegados por via marítima. A fragata HMS Antelope substituiu a Ardent. Numerosos navios logísticos, entre eles o cargueiro MV Atlantic Conveyor estacionaram no Estreito de San Carlos para descer mais e mais homens e material. O general Julian Thompson —chefe das forças terrestres britânicas— estableceu oficialmente o seu quartel general em San Carlos, de onde já tremula a bandeira Union Jack. Apesar das terríveis perdas sofridas no dia 21, o desembarque foi um êxito. Nada crê que, com todas estas medidas, a aviação argentina apareça de novo no Estreito de San Carlos.
Não obstante, a meio-dia do dia 23 detectaram aviões argentinos ao sul do estreito. Recebem fogo antiaéreo da Antelope e da Broadsword, afugentando-os. Porém os britânicos desconhecem que esta pequema incursão forma parte na realidade de uma dupla formação de 12 Daggers e 6 Skyhawks que não foram detectados e cujo o primeiro escalão faliu. A aviação argentina voltou.
De pronto, três A-4B Skyhawk reaparecem pelo norte a grande velocidade e altitude muito baixa. Desta vez, as forças britânicas reagiram de imediato produzindo uma densa cortina de fogo antiaéreo. O avião líder é alcançado em seguida, e o seu piloto, o capitão Carballo desapareceu atrás das montanhas para voltar ao continente. Sem dúvida, de maneira suicida os dois aparelhos restantes prosseguem ao ataque enquanto os mísseis e as metralhadoras os envolvem. Se encaram diretamente até a recém-chegada HMS Antelope. O alferes Hugo Gómez lança sua bomba Mk.17 de 500 kg que alcança a fragata, sem explodir, e consegue fugir. O primeiro tenente Luciano Guadagnini lança por sua vez e é imediatamente alcançado pela asa direita: O avião de Guadagnini se desintegra contra o míssil da Antelope e um instante depois sua bomba alcança o barco sem explodir.
Antelope ficou fora de combate. Com duas bombas sem explodir a bordo e um incêndio controlado, os britânicos decidem evacuar a fragata, exceto pelo pessoal essencial para desativação de bombas e controle de danos. Na noite do dia 23 ao dia 24, enquanto o pessoal de desativação tentava desativar uma das bombas, esta detona e o incêndio seguinte alcança o paiol de mísseis Sea Cat: a Antelope se vê atingida por uma terrível explosão. Partida em dois, afundará na manhã do dia 24.
O avião de pouso e decolagem vertical ou de pista curta (VSTOL) Sea Harrier, protagonista britânico das batalhas aéreas nos céus malvinenses.
Não houve trégua. A aviação argentina golpeia de uma e de outra vez as forças navais de desembarque, apesar de que os britânicos estejam esperando e percam cada vez mais e mais aviões. Não obstante, são alcançados pelos navios de desembarque HMS Sir Galahad e Sir Lancelot. Os ataques do dia 24 fizeram perder três Daggers e um Skyhawk, todos eles abatidos por Sea Harriers sem sofrer nenhuma perda.
O dia 25 de Maio é um feriado nacional argentino. Todo o mundo, em ambas as partes, sabe que haverá ação e estão em alerta máximo. Em efeito, desde a primeira hora da manhã começam os ataques argentinos sob forte pressão aérea e antiaérea inimiga. Às 8h37min, o primeiro Skyhawk é atingido por um míssil do destróier HMS Coventry, da mesma classe do malfadado Sheffield. Em torno do meio-dia produziu um outro ataque sobre as forças de desembarque no Estreito de San Carlos: um Skyhawk é derrubado por um míssil Rapier disparado em terra e outro cai nas mãos do Coventry. É a segunda vitória do dia para este moderno destróier, porém foram justamente os êxitos que os selam seu destino: a Força Aérea Argentina decide a eliminar a "armadilha 42/22" a qualquer preço.
Um ataque de quatro Skyhawks cai às 15h20min sobre o destróier Coventry e a fragata Broadsword. A Broadsword é severamente danificada na popa e seu helicóptero Lynx ficou destruído, porém sobrevive. O Coventry, ao invés, recebe o impacto direto de três bombas que fizeram matar 19 homens. Nenhum avião atacante ficou abatido. O destróier está perdido e eles evacuaram o navio de imediato. Em meia hora, o navio dá uma pequena volta e afunda.
O Almirantado britânico fica nervoso. Haviam considerado que o Sheffield era um erro tático pontual, algo que não se repetira. Agora, já são quatro os navios de guerra britânicos de primeira linha que apodrecem no fundo dos mares malvinenses, entretanto outra dezena arcou como pode com os seus danos. Não era o previsto em absoluto. Decidem acelerar as operações terrestres. Começa a pairar no ar o desejo de terminar o antes possível com este "obscuro incidente colonial" que se converteu em uma guerra de verdade.
Balanço dos combates aeronavais dos dias 24 e 25 de Maio de 1982.
Perdas argentinasPerdas britânicas
• 7 aviões Skyhawk.• Destróier lança-mísseis HMS Coventry afundado.
• 5 aviões Dagger.• Fragata HMS Antelope afundada.
• Navio porta-containers MV Atlantic Conveyor destruído. Dez helicópteros destruídos.
• Fragata HMS Broadsword gravemente danificada. Helicóptero destruído.
• Navios de desembarque Sir Lancelot e Sir Galahad avariados.
Baixas humanas
• Pelo menos 10 pilotos mortos.• Pelo menos 62 mortos e numerosos feridos.
Por si algo lhes faltava para convencer. Às 16h30min, uma ou duas fortes explosões sacudem o porta-contêineres MV Atlantic Conveyor ao norte da Ilha Soledad, bem próxima do porta-aviões HMS Hermes. A explosão produz um incêndio que nada podia controlar. São os Super Étendards do 2º Esquadrão Aeronaval. Sem ser detectados e a partir de uma distância de 50 km, foram lançados dois Exocets contra os alvos distantes que apareciam em seus radares. O Atlantic Conveyor há de ser evacuado e arde como uma tocha com dez helicópteros e milhares de toneladas de material a bordo, até ficar reduzido a um peixe calcinado que flutua a duras penas.
Haviam-se perdido dois grandes navios em um só dia, e outros seis foram danificados. Por outro lado, a aviação argentina perdeu somente três aviões. Pessoas em todo o mundo olhavam a Argentina com simpatia pelo seu ímpeto, porém a lástima por sua inevitável derrota começam a perguntar quem está ganhando verdadeiramente a guerra. No Reino Unido também, e todas as expectativas se dirigem para Margaret Thatcher. Algo deve mudar de imediato. A "questão das Malvinas" estava transformando-se em uma derrota maior para a superpotência e o seu Governo.

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