Dia 14
A FAB retificou o número de corpos encontrados, informando que foram encontrados 43 corpos.[77]
[editar]Dia 17
Navio da Marinha francesa recolheu despojos avistados na área de buscas, além de bagagens. Um avião Hércules da Força Aérea Brasileira chegou a Recife transportando seis corpos que estavam em Fernando de Noronha.[78]
Em 25 de junho, foi encontrado mais um corpo. Foi confirmado pela Polícia Federal e pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco que já haviam sido reconhecidos 14 corpos de vítimas do acidente, dentre os quais 10 brasileiros. Dentre as vítimas reconhecidas estavam o comandante da aeronave e um dos comissários de bordo.[79]
[editar]Dia 26
Após 26 dias de operações de buscas por corpos e destroços do voo, os comandos da Aeronáutica e da Marinha decidiram encerrar as operações. O anúncio foi feito no final da noite, por oficiais dos centros de Comunicação Social das duas Forças na sede do Cindacta 3, em Recife. O principal motivo foi que, mesmo com a utilização de 12 aviões e 11 navios militares, nenhum corpo foi encontrado nos últimos nove dias.[80]
Durante o período de realização das buscas, foram resgatadas cerca de 600 partes de componentes estruturais da aeronave, além de bagagens dos passageiros. Doze aeronaves foram utilizadas, tendo sobrevoado por 1500 horas e percorrendo visualmente uma área de 350 mil quilômetros quadrados. A Marinha do Brasil utilizou onze embarcações, navegando por 35 mil milhas. O avião R-99 realizou busca eletrônica numa área correspondente a dois milhões de quilômetros quadrados. Estiveram diretamente envolvidos nas buscas, resgate e suporte um total de 1.344 militares da Marinha do Brasil e 268 da FAB, totalizando mais de 1.600 profissionais.[81]
[editar]Novas buscas em 2011
Em 17 de fevereiro de 2010, Jean-Paul Troadec, diretor do Bureau d'Enquêtes et d'Analyses pour la sécurité de l'Aviation Civile (BEA) da França anunciou a terceira fase de buscas submarinas das duas caixas-pretas. Serão utilizados dois navios, um estadunidense e um norueguês, equipados com quatro sonares e dois robôs, que irão vasculhar uma área de 2 mil quilômetros quadrados ao noroeste da última posição conhecida do avião antes da queda, a cerca de 1,2 mil quilômetros da costa brasileira.[82]
Estamos utilizando os equipamentos mais sofisticados do mundo. Essa é uma das operações de busca mais complexas já realizadas até hoje. Não podemos fazer melhor do que isso. |
— Jean-Paul Troadec, diretor do BEA[82]
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Cerca de dois anos depois do acidente, em 4 de abril de 2011, equipes de busca e resgate francesas anunciaram a descoberta de mais destroços do avião em meio ao Oceano Atlântico, e de corpos ainda presos a uma grande parte da fuselagem encontrada praticamente intacta no mar. A descoberta, anunciada pela ministra francesa dos Transportes, Nathalie Kosciusko-Morizet, dá esperanças de que a caixa preta do avião possa ser finalmente encontrada. [83] A área em que os novos destroços com corpos presos neles foram encontrados, fica no meio do oceano, cerca de dois a quatro dias de distância de navio tanto do Senegal quanto do Brasil e o fundo do mar no local é coberto de montanhas e vales. [84]
No início de maio de 2011, foram encontradas as duas caixas pretas com os dados registrados do voo, além das gravações da comunicações dos pilotos [85]. No dia 5, com a ajuda do robô submarino Remora 6000, o mesmo que descobriu os destroços e as caixas pretas, a equipe de busca resgatou o primeiro corpo do fundo do mar. As autoridades francesas informaram que, após dois anos a 3900 m de profundidade, os restos mortais encontravam-se em adiantado estado de putrefação. A notícia causou surpresa à Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447 da Air France, já que numa reunião em abril com a BEA (Birô de Investigações e Análises), em Paris, havia ficado decidido que os corpos encontrados não seriam resgatados, permanecendo em seu túmulo no fundo do oceano.[86]
[editar]Detalhes dos passageiros
Estavam a bordo 228 pessoas, incluindo três pilotos e outros nove tripulantes. Entre os passageiros há um bebê, sete crianças, 82 mulheres e 126 homens.[8]
[editar]Nacionalidades
De acordo com uma lista oficial publicada pela Air France, a maioria dos passageiros é composta por cidadãos brasileiros e franceses.[87]
[Expandir]Nacionalidade | Passageiros | Tripulação | Total |
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[editar]Alguns passageiros a bordo
Estavam a bordo do avião:
- Prof. Dr. Roberto Corrêa Chem, 65 anos. Possuía graduacão em História Natural pela PUC-RS (1965) e formado em Medicina pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre-FFFCMPA (atual UFCSPA) em 1969. Especialista em Cirurgia Plástica, mestre em Neuro-Anatomia e doutor em Cirurgia Plástica. Professor-titular de Cirurgia Plástica da UFCSPA. Seu brilhante trabalho salvou e ajudou muitas pessoas vítimas de graves queimaduras. Fundou, em 2005, o Banco de Pele-Tecido Humano da Santa Casa de Porto Alegre, o primeiro do RS e segundo do Brasil. Estava indo para Europa passar férias na Grécia e Turquia, com a esposa e a filha.
- Vera Chem, 63 anos. Psicóloga, estava indo passar férias na Grécia e Turquia com o marido Dr. Roberto Correa Chem e a filha Letícia Chem.
- Letícia Chem, 36 anos. Gerente de roaming internacional de uma grande operadora de telefonia celular. Estava indo passar férias na Grécia e Turquia, na companhia dos pais Roberto e Vera.
- Príncipe Dom Pedro Luís de Orléans e Bragança, 26 anos, quarto na linha de sucessão ao trono brasileiro[91]
- Giambattista Lenzi, conselheiro regional (deputado) da região italiana Trentino-Alto Ádige pelo partido A União
- Luigi Zortea, prefeito da comunidade italiana de Canal San Bovo
- Marcelo Parente Gomes de Oliveira, chefe de gabinete do prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes[92]
- Luis Roberto Anastacio, diretor-executivo para a América Latina do Grupo Michelin[93]
- Antonio Gueiros, diretor regional de informática do Grupo Michelin no Rio de Janeiro.[93]
- Christine Pieraerts, funcionária do Grupo Michelin na França[93]
- Erich Heine, presidente da filial brasileira da siderúrgica ThyssenKrupp[93][94]
- Adriana Van Slouijs, do departamento de comunicação da Petrobras[94]
- Dez funcionários da empresa francesa CGED e nove cônjuges, que haviam viajado ao Brasil como prêmio por seu bom desempenho[94]
- Maestro Sílvio Barbato, regente da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro[33]
- Marco Antonio Camargos Mendonça , Diretor da Vale
- Juliana de Aquino, cantora brasileira[33]
- Fatma Ceren Necipoğlu, harpista clássica turca;
- Olivier Guillot-Noël, físico do Centro Nacional de Pesquisa Científica francês;
- Ivan Lorgeré, pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa Científica francês;
- Octavio Augusto Ceva Antunes, professor do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com a esposa e o filho de três anos a bordo[95]
- Moritz Kock, arquiteto alemão[94]
- Carlos Eduardo Lopes de Mello, procurador da Procuradoria Federal Especializada junto à Comissão de valores mobiliários (CVM) do Rio de Janeiro, acompanhado da sua esposa, a médica Bianca Cotta. Os dois se casaram no sábado anterior (30 de maio) em Niterói e seguiam para a lua-de-mel na França[96]
- Izabela Maria Furtado Kestler, acadêmica membro do Programa de Mestrado em Linguística Aplicada e professora associada de nível 1 em língua e literatura alemã da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
- Bianca Cotta, médica, se formou em dezembro de 2008. Viajava acompanhada de seu marido Carlos Eduardo Lopes de Mello. É filha do professor Renato Cotta, pesquisador do instituto de engenharia da UFRJ, da COPPE[96]
[editar]Reações
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, esteve no aeroporto Roissy-Charles de Gaulle para acompanhar as investigações sobre o desaparecimento do avião. Segundo o Nouvel Observateur, os familiares dos passageiros foram levados a um espaço reservado para receber apoio da companhia aérea.[97]
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, decretou em 1º de junho, luto estadual por três dias.[92] No mesmo dia, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes decretou luto por três dias, devido a morte de um dos funcionários da prefeitura e aonde o avião partiu.
A Air France organizou uma celebração ecuménica na Catedral de Notre Dame, em Paris, pelas 16h locais de 3 de Junho, em homenagem aos passageiros desaparecidos sobre o Oceano Atlântico.[98]
Na noite de terça feira, 2 de junho, após a confirmação da queda do avião, o presidente brasileiro em exercício José Alencar decretou luto nacional por três dias, em memória das vítimas do acidente aéreo.[99]
Um ato ecumênico foi realizado na manhã de 4 de junho na Igreja da Candelária com representantes de oito religiões. Participaram do ato parentes e amigos de passageiros que estavam no Voo 447, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, representando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o chanceler francês Bernard Kouchner, além de outras autoridades do Brasil e da França.[100]
Uma missa foi realizada na tarde de 5 de junho em memória dos passageiros na Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O príncipe dom Antônio de Orleans e Bragança, pai de Pedro Luis, estava presente.[101]
Durante a manhã do dia 29 de junho, a Marinha e a Aeronáutica do Brasil realizaram uma cerimônia no mar nas proximidades de Recife em homenagem as vítimas do Voo 447. A cerimônia teve a participação da Fragata Bosísio e de mais cinco embarcações utilizadas nas buscas, além de quatro helicópteros. Um culto ecumênico foi realizado e flores foram lançadas ao mar. Autoridades da França também estiveram presentes na homenagem.[102][103][104][105][106]
[editar]Inquérito
O piloto tinha 11 000 horas de voo[107] e o Airbus, colocado ao serviço em 2005 e contando 18 870 horas de voo,[107][108] não possuia qualquer defeito que tivesse sido constatado no seu último controle técnico, a 16 de abril de 2009.[107]
A responsabilidade das investigações é da França, país a que pertence a empresa da aeronave, de acordo com a legislação da ICAO, Organização de Aviação Civil Internacional(OACI),[17]estando entregue ao Bureau d'enquêtes et d'analyses (BEA)..[109] O Brasil ficará responsável pela busca de corpos, resgate de vítimas e destroços.[17]
O avião desapareceu dos radares ao atravessar a Zona de Convergência Intertropical. As imagens de satélite mostram uma grande concentração de nuvens cúmulo-nimbos, que chegam a atingir os 16.000 metros de altura, com intensas descargas elétricas, sobre o Oceano Atlântico na região do arquipélago de São Pedro e São Paulo, perto da última posição conhecida da aeronave e do local onde foram encontrados os destroços. Este é, no entanto, um fenómeno frequente na região e com o qual os pilotos estão muito acostumados, geralmente sobrevoando no topo das nuvens, a 15.000 metros de altitude, que é a zona menos perigosa. Os aviões dispõem ainda de um radar de proa que avisa sobre a proximidade de nuvens particularmente densas, permitindo que o aparelho desvie a rota a fim de evita-las.[110]
Uma vez que o sistema ACARS reportou uma sucessão de avarias num curto intervalo de tempo, a falência do sistema elétrico e a despressurização do aparelho, existem muitas hipóteses possíveis. De acordo com o CEO da Air France, Pierre-Henri Gourgeon, estas falhas criaram uma "situação totalmente inédita no avião".[111] Segundo o diretor de comunicações da companhia aérea, uma das hipóteses é a incidência de um raio, que conjugado com outros problemas teria despoletado uma avaria elétrica..[112][113] O secretário de Estado de Transportes da França, Dominique Bussereau, comentou que apesar de nada se saber sobre o desaparecimento da aeronave, "parece mais uma perda de controle do aparelho". Bussereau considerou ainda que a tese da Air France para explicar um possível acidente causado por um raio é incompleta.[114]
Entre as outras hipóteses avançadas, têm especial relevo as avarias sucessivas devidas à turbulência[113]ou um ataque terrorista,[112]embora neste momento não exista qualquer elemento que permita avançar essa hipótese.[114]
Há também a referir que a EASA tinha alertado em Janeiro de 2009 os pilotos dos aviões Airbus A330 e A340, na sequência do incidente com um voo da Qantas, em Outubro de 2008, em que mais de 50 pessoas ficaram feridas quando o voo da Qantas, que fazia a ligação entre Singapura e Perth, registou uma queda abrupta de vários metros quando viajava em velocidade de cruzeiro.
De acordo com o alerta em causa, esses dois tipos de aviões registam ocorrências anormais no equipamento Ecam (Electronic Centralised Aircraft Monitor) o que levaria a um comportamento anormal que provocaria, por exemplo, mergulhos em pleno voo. [115]
O Tribunal de Paris anunciou no dia 5 de junho a abertura de processo, a ser conduzido pela juíza Silvie Zilmmerman, por homicídio culposo sobre o desaparecimento do Airbus A330 da companhia aérea Air France. [116]
O Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil da França divulgou nota no dia 5 de junho em que afirma: [117]
“ |
Uma grande quantidade de informações mais ou menos corretas e tentativas de explicações a respeito do acidente estão sendo veiculadas. O BEA lembra aqueles envolvidos nessa divulgação que é recomendavel que se evite todo tipo de interpretação apressada e especulativa baseada em informações parciais e não confirmadas.
No estágio atual da investigação, os únicos fatos concretos são:
* a presença significativa de nuvens da zona de convergência intertropical, típicas da região equatorial, próximas a rota planejada do avião pelo Atlântico;
* baseando-se na análise das mensagens automáticas enviadas pelo avião, existem incoerências entre as várias velocidades medidas.
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No dia 10 de junho de 2009 o jornal francês L'express publicou reportagem relatando que a possibilidade do acidente ter ocorrido em função de um atentado terrorista não estava totalmente descartada, visto que o nome de dois dos passageiros são similares ao de figuras ligadas com entidades que patrocinam esses tipos de atentados. No entanto, a falta da data de nascimento na ficha de embarque não permite que isso seja realmente constatado, pois pode-se tratar simplesmente de homônimos que possuiam a mesma nacionalidade desses terroristas.[118]
[editar]A quebra do leme
De acordo com informação divulgada pela TV France 2, sem contestação da Air France ou do fabricante do aparelho, a quebra do leme consta de um dos 24 alertas emitidos automaticamente pelo avião. A mensagem, enviada no primeiro dos quatro minutos finais do AF 447, indicava um CTL RUD TRV LIM FAULT, ou seja, falha no controle de limitação do curso do leme. Quer dizer, o computador acusou a quebra do leme. Isto poderia ter origem na tentativa de desvio do curso do avião, para evitar as nuvens de maior risco ao voo, em que o giro do leme teria excedido o limite aceitável para a velocidade efetivamente praticada naquele instante pelo aparelho. Informações errôneas dos sensores de velocidade, derivadas do mau funcionamento de um tubo de Pitot bloqueado ou defeituoso, poderiam levar o computador que controla o avião a permitir a manobra potencialmente perigosa do leme, causando sua ruptura. Um memorando enviado em 5 de junho pela Air France aos seus pilotos informou que a empresa aérea iria substituir os sensores de velocidade de seus aviões Airbus nas próximas semanas.
Um alerta da Airbus emitido depois do acidente determina que a tripulação deve conservar a potência dos motores e o ângulo correto para manter a aeronave na linha de voo, em caso de condições meteorológicas difíceis. Quando ocorre a quebra do leme de uma aeronave, em condições atmosféricas favoráveis, o controle do avião é quase impraticável. No caso do AF447, teria sido impossível. A despressurização da cabine teria sido causada pela perda do leme, tal como ocorreu com o Boeing 747 do Voo Japan Airlines 123.[119]
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